SÃO PAULO (Reuters) - O Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) está vendo o segundo semestre como "bastante favorável" para a implementação de sua estratégia de crescimento no crédito à pessoa física e empresas, com base no início da redução dos juros da economia, redução do endividamento das famílias e programas de incentivo à renegociação de dívidas, afirmaram executivos nesta quinta-feira.
Enquanto isso, o banco avalia que as provisões para inadimplência passarão por uma "normalização" no terceiro e quarto trimestres, após expansão de 22,6% entre o fim de março e o final de junho.
"Entendemos que temos terceiro e quarto trimestres bastante favoráveis para a gente implementar nossa estratégia" de crédito à pessoa física, afirmou o vice-presidente de gestão de riscos do BB, Felipe Prince, em conferência com analistas após a publicação do balanço do segundo trimestre na noite da véspera.
Para 2024, a expectativa é que as despesas com provisões cresçam, disse o vice-presidente de gestão financeira, Marco Geovanne da Silva, mas acompanhando o crescimento da carteira de crédito do BB.
"Provavelmente na divulgação dos resultados do terceiro trimestre já conseguiremos trazer (previsões para 2024), mas a perspectiva é bastante favorável, com retomada de crescimento (da economia) e redução de endividamento das famílias", disse Silva. "Temos uma postura bastante otimista para 2024", acrescentou.
O BB aumentou na noite da véspera sua previsão de alta na carteira de crédito de 8% a 12% para 9% a 13%, após avanço de 15,3% nos financiamentos do banco na primeira metade do ano.
Porém, na linha de receitas com prestação de serviços, o banco acompanhou rivais ao reduzir as expectativas de crescimento para ano. O BB esperava expansão de 7% a 11% na linha este ano, mas após um primeiro semestre com alta de 6,8%, o banco cortou a projeção para alta de 4% a 8%.
Silva afirmou que o desempenho do banco nessa linha de receitas com serviços foi impactado pelo aumento da competição e pelo próprio cenário que tem mostrado dificuldade maior principalmente no segmento de administração de fundos.
"Por isso, entendemos que o compromisso de entregar na linha de prestação de serviço crescimento da ordem de 4% a 8% já está de bom tamanho", afirmou o executivo.
Na linha de margem financeira, Silva afirmou que a redução da Selic pelo Banco Central não deve ter impacto relevante no curto prazo e que o BB deve registrar estabilidade no indicador pelo menos até início do próximo ano.
O executivo disse ainda que o BB não pretende alterar sua política de retorno aos investidores. "Vamos manter dividendo neste patamar, temos que ver como fica a reforma tributária, questões regulatórias...40% (de pay out) está adequado e tem permitido o crescimento do banco de maneira sustentável", afirmou.
"O Banco do Brasil citou que espera continuar entregando retornos consistentes, mesmo no atual ciclo de baixa dos juros", disseram analistas do Citi em relatório a clientes após a conferência. "Embora esperamos alguma redução na retorno sobre patrimônio líquido (ROE) para 2024, ainda esperamos um forte nível de 19%, o que torna a ação do banco um investimento atrativo", acrescentaram os analistas, reiterando recomendação de compra e elevando o preço-alvo do papel de 69 para 74 reais.
De acordo com dados preliminares, as ações do BB fecharam em alta de 0,47%, a 46,95 reais, enquanto o Ibovespa caiu 0,11%.
(Por Alberto Alerigi Jr.)