Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - O lucro excepcionalmente forte do Banco do Brasil no primeiro trimestre não foi suficiente para amenizar temores do mercado com a qualidade da carteira e a baixa rentabilidade do banco, cujas ações caíam forte na Bovespa nesta quinta-feira.
Combinados, o leve aumento do índice da inadimplência, a reclassificação da qualidade da carteira para níveis mais fracos e um forte aumento das provisões para calotes davam a tônica dos comentários de analistas sobre o balanço divulgado pela manhã.
Executivos do BB minimizaram a piora no perfil de crédito, afirmando que os índices de inadimplência devem se manter nos níveis atuais ao longo de 2015, apesar do recessão do país e do aumento do desemprego.
"Tivemos um pequeno aumento no começo do ano, mas isso é sazonal", disse a jornalistas o vice-presidente de Finanças e de Relações com Investidores, José Maurício Coelho.
O índice de calotes do BB com mais de 90 dias passou de 1,97 para 2,05 por cento na base sequencial. As provisões para perdas esperadas com inadimplência deram um salto 43,3 por cento na comparação com igual período do ano passado.
Em relatório, o analista do Itaú BBA, Thiago Batista, a alta das provisões ofuscou o ganho com aumento das margens do BB nas operações de crédito. Ele ressaltou que as ações do banco haviam subido cerca de 13 por cento nos últimos 30 dias.
Assim, a queda de mais de 4 por cento das ações nesta quinta-feira poderia refletir também movimentos pontuais de realização de lucro.
Também em relatório, Bruno Chemmer, do Bradesco BBI, apontou para a alta dos indicadores antecedentes de inadimplência, de 15 a 90 dias, acima dos níveis do começo de 2014, o que esvaziaria em parte a explicação de que a variação foi apenas sazonal.
"O aumento na inadimplência de curto prazo chamou nossa atenção", escreveu Chemmer.
O analista do Bradesco BBI apontou ainda que o lucro recorrente do BB só veio em linha com a previsão média do mercado pelo fato do banco ter tido menos despesa com impostos, tanto na comparação anual como na sequencial.
O lucro recorrente de 3,025 bilhões de reais foi 24,2 por cento maior que um ano antes. O lucro líquido somou 5,82 bilhões de reais, mais que o dobro de igual etapa de 2014, devido ao ganho extra de 3,2 bilhões gerada pela parceria com a Cielo.
Na entrevista a jornalistas, o vice-presidente de Finanças do BB disse também que o BB vai procurar melhorar sua rentabilidade nos próximos trimestres.
A rentabilidade anualizada ajustada do BB sobre o patrimônio liquido no primeiro trimestre cresceu 0,5 ponto percentual sobre igual etapa de 2014, mas seguiu bem abaixo dos níveis dos rivais privados Bradesco e Itaú Unibanco, que estão acima de 20 por cento.
"O BB está focado em melhorar a rentabilidade", disse o executivo.
(Com reportagem adicional de Paula Arend Laier)