Por Stephen Farrell
JERUSALÉM (Reuters) - O presidente palestino, Mahmoud Abbas, pediu desculpas nesta sexta-feira depois de ser acusado de antissemitismo por insinuar que a perseguição histórica aos judeus europeus foi causada por sua conduta, e não por sua religião.
Abbas rejeitou o antissemitismo e classificou o Holocausto como "o crime mais hediondo da história" em um comunicado emitido por seu gabinete em Ramallah após uma reunião de quatro dias do Conselho Nacional Palestino (CNOP), durante a qual fez os comentários que deram origem às críticas.
"Se pessoas ficaram ofendidas com meu comentário diante do CNP, especialmente pessoas da fé judaica, peço-lhes desculpa", disse Abbas no comunicado. "Gostaria de garantir a todos que não foi minha intenção fazê-lo, e reiterar meu respeito total pela fé judaica, assim como outras crenças monoteístas".
Abbas, de 82 anos, foi duramente criticado por líderes e diplomatas israelenses e judeus, que o acusaram de antissemitismo e negação do Holocausto devido às colocações que fez na segunda-feira em seu discurso inaugural ao CNP, o Parlamento da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Abbas disse que os judeus vivendo na Europa sofreram massacres "a cada 10 ou 15 anos em alguns países desde o século 11 e até o Holocausto".
Citando livros de vários autores, ele argumentou: "Eles disseram que o ódio contra os judeus não se deveu à sua religião, mas sua profissão social. Então a questão judaica que se disseminou contra os judeus em toda a Europa não foi por causa de sua religião, foi por causa da usura e dos bancos".
O ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, rejeitou o pedido de desculpas de Abbas, escrevendo no Twitter: "Abu Mazen (Abbas) é um maldito negador do Holocausto, que escreveu um doutorado sobre a negação do Holocausto e mais tarde também um livro sobre a negação do Holocausto. É assim que ele deveria ser tratado. Suas desculpas não são aceitas".
Reagindo ao discurso, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou Abbas na quarta-feira de antissemitismo grosseiro e negação do Holocausto. Os rabinos Marvin Hier e Abraham Cooper, da organização de direitos humanos judia Centro Simon Wiesenthal, sediada nos Estados Unidos, disseram que as palavras do líder palestino são as de um "antissemita clássico".
O enviado dos EUA ao Oriente Médio, Nickolay Mladenov, qualificou os comentários de Abbas como "profundamente perturbadores".