RIO DE JANEIRO (Reuters) - Nenhuma irregularidade relevante nos procedimentos adotados por funcionários do BNDES foi encontrada até agora pelas comissões de apuração criadas pelo banco neste ano para apurar empréstimos concedidos à Odebrecht em Angola e para a JBS (SA:JBSS3), disse à Reuters uma fonte do banco, que espera concluir os trabalhos de investigação em meados de agosto.
A primeira comissão interna foi criada em abril, depois que o patriarca do grupo Odebrecht, Emílio Odebrecht, afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva influenciou o BNDES na ampliação de uma linha de financiamento para obras da construtora em Angola. A comissão ouviu seis pessoas, afirmou a fonte.
A segunda frente de apuração foi aberta em maio, após uma ação da Polícia Federal para investigar operações de crédito de cerca de 8 bilhões de reais ao grupo JBS. Neste caso, a investigação envolveu cerca de 40 empregados do banco, que foram convocados para prestarem esclarecimentos.
Segundo a fonte, as duas investigações estão na "reta final" e não detectaram desvios de conduta de funcionários do banco nas operações com Odebrecht e JBS.
"Estamos caminhando para o fim nas duas e não tem nada que se possa se destacar até agora. Os dois relatórios devem ser fechados até de 15 de agosto", disse a fonte à Reuters.
As comissões levantaram dados dos funcionários do banco tais como agenda de trabalho, emails, operações aprovadas, datas dos empréstimos, visitas internas e externas e até datas e números de ligações telefônicas.
"O que pode se dizer é que até agora nada de relevante foi identificado que deva ser mencionado. Não tem indício de irregularidade", disse a fonte.
As comissões foram criadas ainda no mandato de Maria Silvia Bastos Marques, que renunciou à presidência do BNDES no final de maio, sendo substituída por Paulo Rabello de Castro. Segundo a fonte, "não houve mudança de rumo (das investigações internas) por causa da troca na presidência do banco. A comissão é autônoma e independente e só comunica o resultado ao final dos trabalhos à presidência".
Após a conclusão, os relatórios das comissões serão encaminhados à Procuradoria-Geral da República, ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Polícia Federal. Em maio, o TCU afirmou que encontrou indícios de irregularidades no apoio do BNDES que permitiu à JBS comprar a norte-americana Swift em 2007.
(Por Rodrigo Viga Gaier)