RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode devolver mais 70 bilhões de reais ao Tesouro Nacional em 2020, disseram duas fontes familiarizadas com o banco.
A diretoria da instituição vai se reunir até semana que vem para definir o valor da devolução. O montante a ser aprovado ainda terá que passar pelo crivo do conselho de administração. Neste ano, os pagamentos à União somam 132,1 bilhões de reais, sendo 123 bilhões em dívidas e outros 9,5 bilhões em dividendos.
Para 2020, o cronograma anunciado pelo BNDES em 2018 previa devolução antecipada de cerca de 25 bilhões de reais.
"O que se pensa (agora) é devolver ao redor de 70 bilhões de reais", disse à Reuters uma fonte. "As conversas estão caminhando nessa direção", disse outra fonte. Ambas as pessoas falaram sob condição de anonimato, porque o assunto é sigiloso.
A cúpula do banco também avalia pagar 9 bilhões em dividendos. Se o pagamento de dividendos à União repetir a performance de 2019, os pagamentos totais à União podem alcançar em 2020 quase 80 bilhões de reais.
O banco alterou este ano a regra para pagamento de dividendo à União. Antes, pagava 25% por cento do lucro. Esse percentual foi elevado para até 60% do lucro. Além disso, os dividendos que eram pagos no ano seguinte. Agora, são pagos no mesmo ano.
"O BNDES tem caixa para fazer frente à demanda do acionista e devolver de forma antecipada", disse uma fonte. "Zerar a dívida com o Tesouro no curto prazo (até 2021) parece impossível. Isso só seria viável se parasse de emprestar e não pagasse mais nada ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador)".
Na última década, o BNDES foi irrigado por recursos do Tesouro que somaram cerca de 500 bilhões de reais. Mesmo após devoluções, ainda há um passivo de aproximadamente 170 bilhões a ser quitada. "O valor devolvido ao Tesouro não comprometerá os desembolsos programados pelo BNDES em suas operações de financiamento", disse o banco em comunicado.
Como a demanda por recursos do banco andam baixas, a perspectiva é que os desembolsos este ano somem cerca de 60 bilhões de reais, volume que deve ser repetido no ano que vem. De janeiro a setembro, o banco liberou 38 bilhões de reais, queda de 13% ante mesmo período de 2018. Em 2018, o banco emprestou 69,3 bilhões de reais, o piso em cerca de década.
(Por Rodrigo Viga Gaier)