Após acumular perdas nas três semanas anteriores, o Ibovespa chegou a avançar 4,98% nesta semana, em desempenho semelhante ao do primeiro intervalo do ano, quando saltou 5,09% para chegar a novo topo histórico no último dia 8, aos 125 mil pontos. No fim da tarde desta sexta-feira, o índice, que no melhor momento do dia retomou os 121 mil pontos, perdeu força acompanhando oscilação nas ações de Petrobras (SA:PETR4), limitando os ganhos do Ibovespa na semana a 4,50%. Em dia moderadamente positivo em Nova York, o índice reagiu a princípio com alívio à falta de ação imediata do governo sobre os preços dos combustíveis. Ontem, sinalização do presidente Jair Bolsonaro, de que poderia haver interferência sobre a formação de preços, com base no ICMS, um imposto estadual, havia causado desconforto no mercado.
Contudo, às 16h50 o índice perdeu a linha dos 120 mil, chegando a 119.699,49 pontos no pior momento da tarde, às 17h, enquanto as ações da Petrobras mudavam de sinal e passavam a terreno negativo, em reação a relato da Reuters, de que a empresa teria ampliado recentemente, para um ano, o prazo em que calcula a paridade internacional dos preços dos combustíveis, de acordo com duas fontes em "off". Anteriormente, o prazo era de três meses, aplicado tanto ao diesel como à gasolina. Segundo a Reuters, a Petrobras não comentou a questão. Desde 2019, o período usado internamente não é divulgado pela empresa.
No fechamento desta sexta-feira, as ações de Petrobras (PN +0,69%, ON +1,40%) mostravam ganhos bem mais acomodados do que os observados nesta tarde, quando se aproximavam de 4%. CSN ON (SA:CSNA3) (+7,36%), Usiminas (SA:USIM5) PNA (+4,41%) e Gerdau (SA:GGBR4) PN (+4,36%) mantiveram-se como as três maiores altas do Ibovespa na sessão, em que Vale ON (SA:VALE3) também foi bem, em alta de 3,81% no fechamento. O forte desempenho das ações de siderurgia, que vinham na maioria de perdas moderadas, reflete a perspectiva de aumento de preços para aços longos ainda neste mês.
Ao fim, o índice da B3 (SA:B3SA3) mostrou ganho moderado, de 0,82%, a 120.240,26 pontos, ainda assim em nível não visto desde o encerramento de 19 de janeiro, hoje entre mínima de 119.260,62 na abertura e máxima de 121.116,60 pontos, com giro financeiro a R$ 35,3 bilhões. No ano, o Ibovespa acumula ganho de 1,03%.
"O mercado passou por uma realização, mas ainda não perdeu a tendência de alta. Acredito que o Ibovespa caminha para alcançar nova máxima com topo acima dos 125 mil pontos", diz Fernando Góes, analista gráfico da Clear Corretora, chamando atenção para o ponto de suporte, atualmente em 115 mil pontos, testado na virada de janeiro para fevereiro. "Caso se tenha um movimento de queda, outro ponto considerável é o de 111 mil pontos", acrescenta.
Em Nova York, a fraca leitura sobre o relatório oficial do mercado de trabalho nos EUA em janeiro, divulgado pela manhã, acabou em segundo plano. "Dezembro foi muito pior e janeiro teve apenas uma modesta recuperação nas contratações, mas as perspectivas de estímulo permanecem inalteradas, já que os democratas parecem prontos para fazer avançar o projeto de estímulo de US$ 1,9 trilhão do presidente Biden sem o apoio republicano", aponta em nota Edward Moya, analista da OANDA em Nova York.
Lideranças democratas na Câmara garantiram ter, nesta sexta-feira, os votos para a aprovação do pacote fiscal proposto pelo presidente Joe Biden. Em coletiva após reunião na Casa Branca, deputados governistas sinalizaram a intenção de aprovar o texto por reconciliação, dispositivo que permite a ratificação de pautas orçamentárias por maioria simples. No mesmo dia em que o Senado americano aprovou o instrumento da reconciliação, Biden decidiu ignorar a oposição e manteve, no pacote, a proposta de oferecer mais US$ 1.400 a pessoas em situação de vulnerabilidade, como forma de atenuar os impactos econômicos da pandemia.