BRASILIA/SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro avalia que os postos de combustíveis não têm acompanhado os ajustes de preços da Petrobras (SA:PETR4), acrescentando que pedirá uma apuração do que acontece, com o objetivo de verificar se há algum tipo de cartel.
Segundo ele, os preços de combustíveis da Petrobras estão mais baixos do que o registrado em meados do ano passado, mesmo após os reajustes de 4,2% no diesel e de 3,5% na gasolina, anunciados na véspera, após os ataques a instalações de petróleo da Arábia Saudita, que elevaram as cotações no mercado internacional.
"O presidente da Petrobras (Roberto Castello Branco) resolveu segurar o máximo possível (o reajuste). Segurou, mas infelizmente ontem --a decisão é da Petrobras, não tem interferência nossa, a Petrobras que faz sua política de preços-- aumentou em média 3% o diesel e a gasolina", disse ele.
E o presidente continuou, em transmissão ao vivo em rede social, que acontece semanalmente.
"Agora, detalhe: o preço na refinaria hoje em dia está mais baixo do que, se não me engano, julho do ano passado, apesar desse aumento de 3%... A gente sabe que no final, na bomba, o preço não acompanha...", disse Bolsonaro.
O presidente disse ainda que está em contato com o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, que deverá contatar Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), "para ver o que está acontecendo --cartel, seja lá o que for".
"Isso não pode continuar acontecendo."
O presidente comentou que na manhã de quinta-feira, antes do anúncio do ajuste da Petrobras, alguns postos teriam subido os valores em 5%, supostamente levando em conta ataques de sábado na Arábia Saudita.
"Isso, pra mim, é um abuso. A gente vai pra cima deles, tudo que estiver de acordo com a lei, puder defender o consumidor, nós faremos."
Em outros governos, como na administração de Michel Temer, autoridades também chegaram a se queixar de cartel no setor de combustíveis.
O setor de combustíveis costuma dizer que o vilão dos preços nos postos é a alta carga tributária.
Além disso, afirma que o segmento de postos é altamente pulverizado, com cerca de 40 mil estabelecimentos, o que impediria a prática de cartel.
(Por Ricardo Brito, com reportagem adicional de Gabriel Araujo e Roberto Samora, em São Paulo)