Por Andre Romani
SÃO PAULO (Reuters) - As ações do Bradesco (BVMF:BBDC4) caíram ao menor nível em quase três anos nesta sexta-feira, após o segundo maior banco privado do país divulgar lucro para o quarto trimestre bem abaixo do esperado.
O Bradesco anunciou na véspera lucro recorrente de outubro a dezembro de 2022 de 1,6 bilhão de reais, queda de 75,9% sobre um ano antes e bastante aquém da projeção média de analistas consultados pela Refinitiv, de 4,4 bilhões de reais. Entre outros fatores, a instituição foi afetada por provisão extra de 4,9 bilhões de reais referente à recuperação judicial pedida pela Americanas .
Às 12:27 (de Brasília), as ações PN de Bradesco caíam 7,39%, a 12,78 reais. Na abertura, a ação perdeu até 8,7%, a 12,60 reais, menor patamar intradiário desde 15 de maio de 2020. Bradesco ON recuava 5,75%, a 11,63 reais. Os papéis estavam entre as maiores quedas do dia no Ibovespa, que caía 0,12%.
Analistas do BTG Pactual (BVMF:BPAC11) destacaram resultados "anormalmente fracos", mas disseram que "não é só Americanas", segundo relatório a clientes assinado por Eduardo Rosman e equipe.
"Mesmo se excluíssemos a varejista, o que alguém pode argumentar ser um efeito extraordinário, o EBT (lucro antes de impostos) ainda estaria 20% abaixo da nossa projeção, com queda de 30% na base trimestral e 50% na anual. Então o baixo desempenho vai muito além deste caso específico", argumentaram.
Entre dados mais negativos, os analistas mencionaram o retorno anualizado sobre o patrimônio líquido médio de cerca de 4% e nova piora no índice de inadimplência.
Thiago Batista e Olavo Arthuzo, analistas do UBS-BB, escreveram que o balanço foi "bem fraco" e chamaram atenção para as projeções anuais publicadas pelo banco. Segundo seus cálculos, os números esperados implicam em resultado de 20 bilhões de reais neste ano, bem abaixo do que o mercado estimava.
O presidente do Bradesco, Octávio de Lazari, disse nesta sexta-feira que o banco privado concedeu mais empréstimos do que deveria durante a pandemia e que isso resultou na escalada da inadimplência que enfrenta agora.
O executivo comentou ainda que o Bradesco poderá retomar rentabilidade sobre o patrimônio ao redor de 18% em 2024.