Por Andre Romani
SÃO PAULO (Reuters) - O Bradesco (BVMF:BBDC4) registrou lucro líquido recorrente de 4,52 bilhões de reais no segundo trimestre, uma queda de 35,8% em relação ao mesmo período de 2022, conforme balanço publicado nesta quinta-feira.
O lucro líquido contábil ficou no mesmo patamar do lucro recorrente, mas com leve mudança na variação ano a ano, registrando queda de 36,1%.
Analistas, em média, esperavam lucro líquido de 4,47 bilhões de reais, com base em dados coletados pela Refinitiv.
Paralelamente aos resultados, o Bradesco também divulgou novas projeções, tendo reduzido a perspectiva de crescimento neste ano para a carteira de crédito expandida e para a margem financeira total.
No entanto, também reduziu a projeção de aumento das despesas operacionais e elevou a estimativa para o resultado da unidade de seguros, previdência e capitalização, um dos destaques positivos do balanço do segundo trimestre.
O Bradesco, segundo maior banco privado do país, registrou índice de inadimplência no segundo trimestre acima de 90 dias de 5,9%, avanço ante 5,1% no primeiro trimestre deste ano e 3,5% no mesmo período de 2022. A inadimplência até 90 dias, porém, caiu na base sequencial, de 4,6% para 4,4%, embora ainda esteja 0,8 ponto percentual maior do que o nível de um ano antes.
"A inadimplência de curto prazo melhorou 0,2 ponto percentual no trimestre, com contribuição de todos os segmentos, e o movimento do indicador acima de 90 dias traduz o atual momento do ciclo de crédito", disse o Bradesco em relatório de resultados.
O banco ainda afirmou que sua política de concessão de crédito voltada para modalidade de menor risco "já vem trazendo uma melhora significativa na inadimplência das novas safras para patamares inferiores aos observados atualmente".
A carteira de crédito expandida do Bradesco avançou 1,6% no segundo trimestre ante igual etapa do ano passado, para 868,7 bilhões de reais.
O retorno anualizado sobre o patrimônio líquido médio caiu a 11,1%, de 18,1% no segundo trimestre de 2022.
O Bradesco foi o segundo dos grandes bancos brasileiros a divulgar resultados, após o Santander Brasil (BVMF:SANB11), no final de julho, registrar queda de quase 45% no lucro líquido do segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior. O Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4) publica seu balanço na semana que vem.
Analistas do Citi liderados por Rafael Frade escreveram, em relatório, que as expectativas eram baixas para o Bradesco, mas esperava-se que os resultados trouxessem "alguns indícios de melhorias sequenciais nos próximos trimestres, levando a níveis de ROE mais normalizados até 2024".
Para eles, porém, a margem líquida financeira pressionada e inadimplência ainda alta "devem continuar adiando essa recuperação, levando a uma melhora limitada nos resultados nos próximos trimestres e a um risco de queda para as estimativas do consenso para 2023 e 2024."
SEGUROS E PREVIDÊNCIA SALTAM
Nas linhas de receitas, o banco registrou alta de 1,2% na margem financeira total no período, para 16,6 bilhões de reais, enquanto as receitas com prestação de serviços cederam 2,5%, a 8,8 bilhões de reais.
Já o resultado das operações de seguros, previdência e capitalização saltou 30,6%, para 4,8 bilhões de reais. O Bradesco, inclusive, elevou em 15 pontos percentuais a projeção de crescimento do resultado da unidade neste ano.
"O aumento no resultado das operações de seguros, previdência e capitalização -- impulsionado pelo crescimento do faturamento e redução da sinistralidade -- e a melhora gradual da margem com mercado, contribuíram com a absorção do impacto das maiores despesas com PDD, que continuam pressionadas pelas condições do cenário de endividamento, em especial das micro e pequenas empresas", disse o banco.
O Bradesco registrou provisão para devedores duvidosos (PDD) expandida de 10,3 bilhões de reais, em comparação a 5,3 bilhões de reais um ano antes e 9,5 bilhões de reais no primeiro trimestre deste ano.
As despesas operacionais do banco subiram 13,4% no segundo trimestre, a 13,1 bilhões de reais, na comparação anual.
PROJEÇÕES
O banco ainda revisou uma série de projeções para 2023. A expectativa de crescimento da carteira de crédito expandida foi reduzida para o intervalo de 1% a 5%, contra estimativa anterior de 6,5% a 9,5%.
Além disso, a estimativa de elevação da margem financeira total foi cortada para 2% a 6%, de 7% a 11% anteriormente.
Do outro lado, porém, a perspectiva de crescimento das despesas operacionais também caiu, para 7% a 11%, de 9% a 13% na estimativa anterior.
E a projeção para o crescimento do resultado das operações de seguros, previdência e capitalização saltou para 21% a 25%, contra expectativa anterior de aumento de 6% a 10%.