Braskem negocia com Petrobras novo aditivo a contrato de nafta, desiste de Comperj

Publicado 12.02.2015, 13:39
Braskem negocia com Petrobras novo aditivo a contrato de nafta, desiste de Comperj
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Por Priscila Jordão

SÃO PAULO (Reuters) - A Braskem está em conversas com a nova administração da Petrobras para um terceiro aditivo ao contrato de fornecimento de nafta para a petroquímica e desistiu de participar do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), disse o presidente da companhia, Carlos Fadigas, nesta quinta-feira.

"Parece mais factível a gente trabalhar uma solução (para o contrato de nafta) que dê tempo a essa equipe para se familiarizar com o assunto. Já fizemos dois aditivos de seis meses e essa seria uma meta realista e possível", disse Fadigas a jornalistas, acrescentando que considera como baixa a probabilidade da empresa alcançar uma solução de longo prazo para o impasse com a estatal.

Fadigas acrescentou que a Braskem tem demandas para melhorar o aditivo do contrato, mas que o "tempo não está a nosso favor", indicando que o preço do nafta deve ser mantido em aberto. "Está longe de ser o ideal (...), mas entendemos que dos males o menor", acrescentou o executivo.

O contrato atual de fornecimento de nafta vence no final deste mês.

A Petrobras tem usado o nafta de suas refinarias na produção de gasolina, motivo pelo qual passou a importar o insumo para atender a Braskem, tentando repassar o custo à petroquímica.

A Braskem tem contestado a postura da estatal e Fadigas afirmou manter a posição, já que considera que os custos de importação "não são pertinentes à indústria química", que não teria condição de absorvê-los.

Atualmente, a Braskem importa 30 por cento das necessidades de nafta e, segundo Fadigas, não seria economicamente viável nem razoável para a indústria elevar esse patamar. "O setor não foi construído para operar com matéria-prima importada", disse.

Mais cedo nesta semana, a Braskem havia afirmado ao jornal Estado de S.Paulo que a produção em três polos petroquímicos poderia ser interrompida se o impasse continuasse, em um momento em que estava sem interlocutor sobre o tema por conta das mudanças na diretoria da Petrobras. Mas, agora, o cenário é diferente com o início das conversas com a nova administração da estatal, anunciada na semana passada.

DESISTE DO COMPERJ

A Braskem afirmou na divulgação de seu resultado trimestral que concluiu estudos sobre sua participação no projeto do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e que "alternativa que se mostrou mais atrativa foi o projeto de expansão da sua produção existente no site de Duque de

Caxias", também no Rio de Janeiro.

A Petrobras anunciou no final de janeiro que passou a revisar o cronograma de construção do Comperj e da Refinaria do Nordeste (Rnest), em Pernambuco, como um dos efeitos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

"Nossa equipe identificou que, pela taxa de retorno, é melhor pegar o parque atual (em Duque de Caxias) e ampliar a produção do que fazer tudo do zero", disse Fadigas.

Segundo a Braskem o avanço dos planos da companhia para ampliar as instalações em Duque de Caxias dependerá da viabilização de um contrato de longo prazo para o fornecimento de matéria-prima pela Petrobras.

CENÁRIO PARA 2015

Para 2015, a Braskem espera uma demanda por resinas neutra no mercado interno, em linha com as atuais projeções para o Produto Interno Brasileiro (PIB) e após ter previsto demanda estável em 2014 e observado um recuo de 1 por cento no mercado ante o ano anterior.

Em termos de petroquímicos, a Braskem disse ver o mercado equilibrado pelo menos até 2017, com bons spreads internacionais e boa demanda.

Sobre a crise hídrica, Fadigas afirmou que a Braskem está acompanhando o quadro de restrição de água, mas que não espera um impacto relevante na empresa por conta de investimentos feitos em reaproveitamento.

No caso de um racionamento de energia, a empresa comentou a possibilidade de aproveitar a flexibilidade de geração interna de eletricidade e de alterar o portfólio de produtos para lidar com o novo cenário, dependendo do modelo de redução no consumo a ser adotado pelo governo federal.

Para 2015, a Braskem não tem previsão de paradas programadas de manutenção em centrais petroquímica, o que dará maior flexibilidade à empresa.

A Braskem encerrou o quarto trimestre com alta anual de 17 por cento no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), a 1,359 bilhão de reais.

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