SÃO PAULO (Reuters) - A empresa de petroquímicos Braskem registrou prejuízo líquido de 24 milhões de reais no quarto trimestre diante de piora no resultado financeiro, e disse que o cenário de curto prazo é de cautela no mercado petroquímico.
A companhia apontou nesta quinta-feira um resultado neutro para o mesmo trimestre de 2013, sem perdas ou ganhos, contrastando com lucro de 15 milhões de reais divulgado anteriormente para o período.
No último trimestre de 2014, a última linha do balanço foi afetada por pior resultado financeiro líquido: a linha ficou negativa em 721 milhões de reais no período, contra 460 milhões um ano antes, avanço diretamente relacionado à exposição líquida da companhia ao dólar, que se valorizou no período.
Por outro lado, a geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Braskem somou 1,359 bilhão de reais, alta anual de 17 por cento, puxada pelo aumento da receita e por ganhos obtidos com a quitação integral do parcelamento do Refis no trimestre.
A receita líquida de vendas da companhia subiu 8 por cento na comparação anual, a 11,61 bilhões de reais, beneficiada pela depreciação do real no período. Em dólares, houve recuo de 4 por cento em mesmas bases, refletindo, segundo a Braskem, a redução de preços no mercado internacional.
"Conforme esperado, os preços de petroquímicos passaram a acompanhar a tendência de queda observada nos preços de nafta, que seguiram em linha com a dinâmica do mercado de petróleo", disse a empresa.
"Todavia, espera-se que a melhora da economia global continue a influenciar positivamente a demanda e a rentabilidade do setor", completou.
PERSPECTIVAS
Em comentário sobre seu desempenho, a Braskem também afirmou que segue empenhada nas negociações para renovação em "bases competitivas" do contrato de fornecimento de nafta com a Petrobras.
Sobre o projeto de crescimento no Rio de Janeiro, a empresa afirmou que estudos apontaram que a alternativa mais atrativa para a companhia foi o projeto de expansão da sua produção existente no site de Duque de Caxias.
"O avanço, a partir desse momento, dependerá da viabilização de um contrato de longo prazo para o fornecimento de matéria-prima pela Petrobras", ressalvou a Braskem.
Mais cedo nesta semana, a empresa afirmou ao jornal Estado de S. Paulo que três polos petroquímicos no país poderiam ter que interromper a produção se o impasse com a Petrobras persistisse.
A Petrobras tem usado o nafta de suas refinarias na produção de gasolina, motivo pelo qual passou a importar o insumo para atender a Braskem, tentando repassar o custo à petroquímica. A Braskem tem contestado a tentativa de aumento de preços da estatal.
(Por Marcela Ayres)