Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém sua liderança em todos os cenários eleitorais em que seu nome aparece como candidato à Presidência da República, apontou pesquisa CNT/MDA divulgada nesta terça-feira, tanto no primeiro quanto no segundo turno.
Quando o nome de Lula não aparece, o deputado Jair Bolsonaro lidera as intenções de voto.
Na sondagem de intenção de voto espontânea para a Presidência, Lula soma 18,6 por cento. Bolsonaro ocupa a segunda posição, com 12,3 por cento, seguido de Ciro Gomes (PDT), com 1,7 por cento, e o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), com 1,4 por cento.
O senador Álvaro Dias (PODE-PR), alcança 1,2 por cento na pesquisa estimulada, o mesmo patamar obtido por Marina Silva (Rede), seguidos do atual presidente Michel Temer, com 0,4 por cento das intenções de voto.
Brancos e nulos neste cenário estimulado somam 20,4 por cento, enquanto os indecisos chegam a 39,7 por cento. A margem de erro da sondagem é de 2,2 pontos percentuais.
Pesquisa passada, publicada em setembro, apontava Lula com 20,2 por cento dos votos nas respostas espontâneas, seguido por Bolsonaro, com 10,9.
Para o diretor executivo do Instituto MDA, Marcelo Souza, não é possível identificar o motivo da oscilação de Lula e Bolsonaro na pesquisa de março, mas os embates judiciais enfrentados pelo petista podem ter influenciado.
“São oscilações pequenas, então não dá para a gente saber ao certo de onde vem cada um desses movimentos. Obviamente, o ex-presidente Lula, à medida em que o tempo passa e essas questões jurídicas começam a cercar ele, pode ser que ele tenha uma tendência a ter uma redução, à medida que as pessoas passem a acreditar que ele não será candidato”, avaliou Souza.
“Mas não dá para a gente dizer que aquilo causou isso, são apenas oscilações dentro da margem.”
Apesar da liderança na pesquisa, Lula poderá ser impedido de disputar a eleição de outubro. O ex-presidente teve uma condenação em primeira instância confirmada pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). A Lei da Ficha Limpa determina a inelegibilidade de condenados na Justiça por órgãos colegiados, caso da 8ª Turma do TRF-4.
Os advogados do ex-presidente, no entanto, ainda podem recorrer a tribunais superiores para garantir a candidatura.
A pesquisa também abordou as acusações contra Lula envolvendo o apartamento tríplex no Guarujá e apontou que 52,1 por cento dos entrevistados considera que o ex-presidente deveria ter sido condenado, contra 37,6 por cento, que consideram que o petista deveria ter sido inocentado.
Também demonstrou que 54,2 por cento dos entrevistados não votaria em algum candidato indicado por Lula. O percentual dos que votariam em qualquer candidato indicado por ele nas próximas eleições, caso seja impedido de concorrer em outubro, é de 16,4 por cento. Outros 26,4 por cento afirmam que votariam em algum candidato indicado pelo ex-presidente, a depender do nome.
OUTROS CENÁRIOS
A pesquisa também aponta uma liderança de Lula na pergunta estimulada, em que nomes pré-determinados são oferecidos aos entrevistados, nos cenários em que aparece como candidato.
O petista alcança os 33,4 por cento das intenções de votos, seguido de Bolsonaro com 16,8 por cento, de Marina Silva, com 7,8 por cento, e de Alckmin, com 6,4 por cento. Neste cenário, o presidente Michel Temer consegue 0,9 por cento, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que deve lançar sua pré-candidatura ao Planalto na quinta-feira, aparece com 0,6 por cento.
Já em um dos cenários quando o candidato do PT é Fernando Haddad, Bolsonaro lidera a disputa com 20,0 por cento das intenções. Em segundo lugar vem Marina, com 12,8 por cento, depois Alckmin, com 8,6 por cento, e Ciro com 8,1 por cento. Álvaro Dias aparece com 4,0 por cento, seguido de Haddad com 2,3 por cento, enquanto Temer chega a 1,3 por cento, ao lado de Manuela D`Ávila (PCdoB), e atrás do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTC-AL), que tem 2,1 por cento. Maia soma 0,8 por cento das intenções.
No terceiro cenário, sem Lula e sem Temer, Bolsonaro lidera novamente, com 20,2 por cento, seguido por Marina (13,4 por cento) e Alckmin (8,7 por cento). Maia tem 1 por cento.
Quando Alckmin não aparece como candidato, nem Lula, Bolsonaro lidera com 20,9 por cento, seguido de Marina (13,9 por cento), Ciro (9,0 por cento) e Álvaro Dias (4,7 por cento). Maia tem 1,4 por cento e Temer, 1,3 por cento.
A pesquisa traz ainda 14 cenários de segundo turno e mais uma vez Lula lidera quando aparece como candidato. Nos cenários sem o petista e que têm Bolsonaro, o deputado vence ou está em empate técnico mas com vantagem numérica.
Temer é o grande campeão da rejeição. Quando perguntados sobre a possibilidade de votar no presidente, 88,0 por cento responderam que não votariam nele de jeito nenhum.
Lula somou nessas respostas 46,7 por cento, seguido por Ciro(47,8 por cento), Bolsonaro (50,4 por cento), Alckmin (50,7 por cento), Marina (53,9 por cento) e Maia (55,8 por cento).
A sondagem divulgada nesta terça-feira foi realizada entre 28 de fevereiro e 3 de março, em 137 municípios, com 2.002 entrevistados. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-06600/2018.