Por Gabriel Codas
Investing.com - Nos primeiros negócios da manhã esta segunda-feira, as ações da BRF (SA:BRFS3) lideram os ganhos do Ibovespa hoje. A companhia informou, na noite de domingo, que reduziu seu prejuízo líquido no primeiro trimestre de 2020 para R$ 38 milhões, comparado a uma perda de R$ 1 bilhão no mesmo período do ano passado, graças a um aumento no volume e no valor das vendas. Apesar de o resultado líquido vir abaixo do consenso de lucro de R$ 480 milhões, dados operacionais e diminuição do endividamento minimizam o prejuízo relacionado a questões pontuais relacionadas à crise do coronavírus.
Por volta das 10h57, os papéis subiam 12,81% a R$ 21,12. O Ibovespa registrava alta de 0,22% a 80.442 pontos.
Avaliação dos analistas
Na visão da XP Investimentos, a BRF reportou resultados mais fortes do que o esperado no primeiro trimestre, com EBITDA ajustado de R$ 1,251 bilhão acima da expectativa de R$ 1,046 bilhão, excluindo o impacto não recorrente da provisão para ação coletiva no valor de R$ 204 milhões. A margem EBITDA consolidada de 14% veio acima da estimativa de 12,2% e do valor de 10,2% no 1T19.
A relação dívida líquida/EBITDA da BRF caiu de 6,1x no 1T19 para 2,7x no 1T20, mas cresceu um pouco na comparação trimestral (2,5x no 4T19) devido a efeitos cambiais não-caixa (aumento de 0,36x atribuível exclusivamente a esse efeito, de acordo com a empresa), parcialmente compensados pela sólida geração de caixa.
Para o BTG Pactual (SA:BPAC11), a combinação de resultados mais fortes do primeiro trimestre (com alguns sinais positivos) e a depreciação do real devem gerar atualizações de ganhos para 2020 pelo banco e também pelo consenso. Para a equipe, por si só deve significar uma reação positiva ao preço das ações. Eles esperam ouvir mais da administração sobre a sustentabilidade das margens de longo prazo na Ásia, bem como melhorias no Brasil em meio ao que ainda enxergam como riscos de um ciclo de frangos.
Mais informações do balanço
Conforme balanço enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no domingo, a receita líquida da empresa cresceu 21%, para quase 9 bilhões de reais, e o volume de alimentos vendidos aumentou em 8,1%, para 1,1 milhão de toneladas.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, uma medida do lucro operacional, cresceu 67,2% no trimestre, para 1,251 bilhão de reais. A geração total de caixa saltou quase 1.000%, para 2,774 bilhões de reais.
O mercado Halal permaneceu importante, representando cerca de 25% do volume total vendido pela empresa no trimestre, ou 277.000 toneladas.
Os volumes vendidos no mercado Halal, onde os alimentos devem ser preparados de acordo com os padrões alimentares muçulmanos, também corresponderam a cerca da metade das 562.000 toneladas que a empresa vendeu no Brasil no primeiro trimestre do ano.
A BRF disse que a pandemia global do novo coronavírus provocou a necessidade de buscar canais de varejo para compensar uma queda nas vendas para restaurantes.
A BRF anunciou a aquisição dos 25% restantes de uma empresa de alimentos na Arábia Saudita, onde também planeja investir 120 milhões de dólares para construir uma planta de processamento de frango.
Na sexta-feira, a BRF anunciou que comprou 100% da Joody Al Sharqiya Food Production Factory, uma empresa saudita de processamento de alimentos, por cerca de 8 milhões de dólares.
*Com contribuição de Reuters