BTG espera manter ritmo de crescimento de ROAE dos últimos anos, diz CEO

Publicado 10.02.2025, 12:24
Atualizado 10.02.2025, 16:25
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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O BTG Pactual (BVMF:BPAC11) espera continuar crescendo seu retorno ajustado anualizado sobre o patrimônio líquido médio (ROAE) próximo do ritmo dos últimos anos, afirmou nesta segunda-feira o presidente-executivo do maior banco de investimentos da América Latina, Roberto Sallouti, sem precisar um número.

"Pode ser perto do que foi esse ano. Ou pode ser perto do que foi em 2022 ou 2023", afirmou o executivo em teleconferência com analistas para comentar os resultados do último trimestre e de 2024, ano em que o banco apurou um ROAE anualizado de 23,1%, ante 22,7% no exercício anterior.

"Hoje, nós estamos confortáveis dando o guidance que vamos continuar a expandir o nosso ROAE."

Ele acrescentou que o banco espera manter a tendência de crescimento verificada em anos recentes em Asset Management, Wealth Management, crédito, e que todos esses crescimentos serão maiores do que os custos.

"As tendências recentes não vão ser muito diferentes das passadas em receita e em custo", reforçou.

Sallouti afirmou que o banco espera voltar a ter crescimento na divisão de "Sales & Trading", apesar do ambiente macroeconômico "ainda difícil", mas destacou que mesmo que essa linha do balanço não cresça significativamente, o BTG terá uma expansão significativa de ROAE.

Em 2024, a área de Sales & Trading do BTG registrou queda de 4% ano a ano. No quarto trimestre, houve declínio de 7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Ele também disse que o BTG tem várias iniciativas onde o investimento chega antes da receita. "Nós investimos em muitos novos produtos, muitos novos serviços, muitas novas geografias, nós temos iniciativas diferentes no ponto da curva de lucratividade...isso nos dá conforto da garantia de expansão."

De acordo com o executivo, à medida que o banco ganha participação de mercado, continua a crescer com consistência, se beneficiando de tecnologia, de ganhos em produtividade, processos, controles, terá os custos crescendo em nível inferior à sua alavancagem.

No caso de "Sales & Trading", o diretor financeiro do banco, Renato Cohn, reforçou que a queda na receita dessa divisão no trimestre e no ano ocorreu em um ambiente de maior incerteza, com o banco trabalhando com o nível de risco (VaR) em mínimas históricas. Mas todas as outras linhas de negócios cresceram.

"Olhando para 2025... dado que as franquias de clientes aumentaram muito de tamanho, o Wealth Management, a Asset Management e o Corporate aumentaram de tamanho... é de se esperar que a receita seja, mesmo em um ambiente de incerteza e alocação baixa de risco, um pouco melhor do que em 2024."

Na bolsa paulista, as units do BTG cediam 0,37%, a R$32, já tendo trocado de sinal algumas vezes, enquanto o Ibovespa avançava 0,74%.

Analistas destacaram em relatórios mais cedo que o BTG apresentou um resultado sólido para o quarto trimestre, embora o lucro tenha ficado um pouco abaixo das previsões no mercado, e que veem o banco preparado para um cenário mais desafiador esperado para o setor bancário em 2025.

NOVAS GEOGRAFIAS

O BTG Pactual continuará desenvolvendo suas operações fora do Brasil, principalmente na América Latina, e o México aparece como um potencial alvo de expansão, afirmou Cohn, o diretor financeiro do banco, em entrevista a jornalistas, ponderando, contudo, que "não há nada no forno para sair".

Ele explicou que o BTG está presente há muitos anos no México, com uma boa operação de banco de investimento, corretora, mas quando comparada ao tamanho das operações do banco no Chile e na Colômbia, sua presença é menor em um mercado com um PIB e população maiores.

"É um mercado muito maior... Esse seria um lugar onde a gente sempre olha com bons olhos uma possibilidade de expandir", afirmou o executivo.

A carteira de crédito do BTG fora do Brasil já representa mais de 20% da exposição total, especialmente na América Latina.

Falando sobre a aquisição do negócio de gestão de patrimônio no Brasil do Julius Baer, anunciada no começo deste ano, por R$615 milhões, Cohn afirmou que a previsão é de que os negócios sejam tocados de maneira igualitária.

"É um serviço de family office, é um serviço que presta assessoria e faz a consolidação dos ativos dos clientes, quando não necessariamente os ativos precisam estar custodiados em um banco só... Nós temos o mesmo serviço desde 2010... então, a ideia é tocar isso em conjunto", afirmou.

"Mas isso ainda vai levar um tempo, primeiro precisamos da aprovação regulatória, deve acontecer nos próximos meses, mas após aprovação regulatória, a ideia é que esses ’businesses’ sejam tocados de maneira igualitária."

NET NEW MONEY

Sallouti apontou como principal risco para a performance de "net new money", que em 2024 somou R$96,7 bilhões, dos quais R$17,8 bilhões no quarto trimestre, concorrência dos produtos de renda fixa com isenção fiscal que os grandes bancos podem oferecer aos clientes, dado o nível atual da taxas de juros.

"Se você tem o produto com isenção de juros, eu acredito que esse é o maior risco para novas captações", afirmou.

Ele também citou que o banco já atingiu R$1 trilhão em ativos sob gestão (AuM e AuA), após fechar o ano passado com R$992 bilhões de reais.

O BTG também "tem confiança" de continuar crescendo a carteira de crédito de "Corporate Lending & Business Banking" a uma taxa de 20% neste ano, com o banco trabalhando para aumentar o seu portfólio como um todo.

Em 2024, a carteira de crédito cresceu 29,2% e as receitas 26,6%, em desempenho beneficiado pela diversificação de produtos, segmentos e geografias, mas também da redução contínua do custo de captação. O portfólio de pequenas e médias empresas aumentou 26,8%.

Cohn minimizou um potencial efeito negativo da deterioração do cenário macroeconômico nas carteiras de crédito do BTG via o banco Pan, que é controlado pelo grupo, mesmo citando que o ambiente de juros mais altos tende a restringir um pouco o crédito e elevar o custo de servir a dívida.

Ele mencionou que pessoas físicas e pequenas e médias empresas normalmente sentem mais os efeitos do cenário macro do que as grandes empresas. Mas acrescentou que, no caso do Pan, embora possa ter a carteira mais vulnerável dentro do BTG, boa parte dela é de produtos com garantias -- consignado e veículos.

"Nosso portfólio é focado em grandes empresas, pequenas e médias empresas, com garantia, créditos com garantia. Quando junta o Pan, crédito consignado, crédito de veículos, que tem garantia também... Não é uma grande preocupação."

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