Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - A unidade brasileira da Bunge fez uma proposta para aquisição de duas plantas de processamento de soja no Paraná que pertencem à empresa local Imcopa, disse a trading norte-americana de grãos nesta terça-feira.
Duas fontes com conhecimento do assunto disseram à Reuters que a Bunge concordou em pagar cerca de 50 milhões de reais pelas unidades, além de assumir dívidas de cerca de 1 bilhão de reais relacionadas aos ativos.
Em comunicado enviado por e-mail, a Bunge confirmou que apresentou uma oferta pelos ativos e disse que aguarda uma decisão da Justiça para continuar com o a transação, uma vez que a Imcopa está em processo de recuperação judicial.
A Bunge recusou-se a fornecer mais detalhes, enquanto a Imcopa não respondeu de imediato a um pedido de comentários.
A Bunge foi a única empresa a apresentar uma proposta pelos ativos em um leilão judicial, segundo uma das fontes.
A Bunge já é a maior processadora de oleaginosas do Brasil, e o movimento pelos ativos da Imcopa deve ajudá-la a aumentar sua liderança sobre a rival Cargill, segunda colocada na indústria, segundo dados da associação setorial Abiove.
A Cargill possui oito unidades ativas de processamento de oleaginosas no Brasil, enquanto a Bunge possui 12.
"A Bunge não apenas pretende adquirir as duas plantas industriais... (ela também) pretende contratar um número significativo dos atuais empregados", afirmou a empresa em documento apresentado em meio ao processo de recuperação judicial da Imcopa, com data de 26 de novembro.
A Imcopa tem capacidade de esmagamento de soja de 1,5 milhão de toneladas por ano, com produção de até 230 mil toneladas anuais de proteína concentrada de soja, segundo informações do site da empresa.
O preço mínimo para cada uma das plantas da empresa era de 25 milhões de reais no leilão judicial, agendado para 17 de fevereiro, segundo documentos do processo. A dívida relacionada aos ativos era de 1 bilhão de reais em dezembro de 2018, segundo os dados, que são públicos.
No ano passado, a Imcopa encerrou um contrato de leasing com a cervejaria Grupo Petrópolis pelo uso das duas plantas, alegando descumprimento de contrato, e colocou os ativos à venda.
O acordo de leasing venceria originalmente em 2024. O Grupo Petrópolis recusou-se a comentar a oferta da Bunge pelas duas unidades da Imcopa.