O BV fechou o terceiro trimestre com lucro líquido recorrente de R$ 403 milhões. O resultado, recorde trimestral histórico para a instituição, é 46,7% maior que o obtido no mesmo período do ano passado e também está 3,8% acima do ganho do segundo trimestre deste ano.
A ampliação da margem financeira e das receitas com prestação de serviços puxaram o resultado. Em nove meses, o banco obteve lucro de R$ 1,148 bilhão, como reflexo principalmente da queda no custo de crédito com a melhora nos índices de inadimplência, além dos motivos mencionados acima.
Segundo o presidente do BV, Gabriel Ferreira, a margem com clientes e a rentabilidade voltaram aos níveis pré-pandemia. "Olhando para as métricas de balanço, vemos o nosso core business muito resiliente", disse ele ao Broadcast.
O retorno sobre o patrimônio (ROE, na sigla em inglês) foi de 13,9% no terceiro trimestre, um aumento de 3,3 pontos porcentuais frente ao terceiro trimestre do ano passado. Em nove meses, o ROE foi de 13,7%, alta de 4,3 pontos porcentuais frente aos nove primeiros meses de 2020.
As receitas totais somaram R$ 2,431 bilhões no terceiro trimestre, alta de 15,9% em relação ao mesmo período de 2020 e 0,5% acima do segundo trimestre. A margem financeira bruta teve elevação de 18,7% em base anual, para R$ 1,867 bilhão. As receitas com corretagem avançaram 7,5% no terceiro trimestre em comparação ao mesmo intervalo de 2020, para R$ 564 milhões. O custo do crédito subiu 2,1% em doze meses para R$ 567 milhões.
A carteira de crédito cresceu 11,8% em relação ao mesmo período de 2020, para R$ 75,3 bilhões, refletindo expansão de 11,4% no varejo e 12,6% no atacado, com maior diversificação em ambos os segmentos. Conforme o material de divulgação do resultado, os principais destaques no varejo foram o crescimento de 61,9% na carteira de empréstimos e 51,5% na carteira de cartões. O financiamento a veículos correspondeu a 42,4% da carteira de empréstimos, ante 40,2% no terceiro trimestre de 2020.
No atacado, o destaque ficou por conta do segmento corporate, que registrou alta de 26,4% contra o terceiro trimestre do ano passado. A carteira de empréstimos para pequenas e médias empresas registrou expansão de 561% no mesmo período comparativo.
Ferreira lembra que, paralelamente, o banco tem melhorado a diversificação de suas receitas, citando o crescimento de 51% de sua operação de cartão de crédito em 12 meses e a liderança do BV no financiamento de placas solares. "Temos uma carteira que já chega a R$ 2 bilhões nesse financiamento de placas solares", comentou.
O índice de inadimplência acima de 90 dias se manteve em patamar historicamente baixo, de 3,7% no terceiro trimestre. O índice de cobertura apresentou leve queda em relação ao ano anterior, mas permanece em patamar robusto, em 231%.
As despesas com provisão para devedores duvidosos (PDD) avançou 27,9%, para R$ 667 milhões, no terceiro trimestre frente ao mesmo período do ano passado. Frente ao segundo trimestre, as despesas cresceram 8,4%. A recuperação de crédito caiu 1,5% em relação ao mesmo período de 2020, para R$ 157 milhões. Frente ao segundo trimestre, houve aumento de 6,5%.
De acordo com Ferreira, o cenário macro e a perspectiva de aumento da inadimplência não devem afetar os negócios do banco. Sua estimativa considera ainda a perspectiva de a taxa de inadimplência subir um pouco, para o que seria a normalidade, dado que os dados anteriores estão minimizados pelo efeito dos programas de suporte do governo. "O BV está bem preparado", observou. Ele estima que a inadimplência para as pessoas físicas possa voltar ao patamar histórico de cerca de 4,8% para a pessoa física e de 4,4% como um todo.
O Índice de Basileia fechou o terceiro trimestre em 15,7%, em alta de 0,5 ponto porcentual no trimestre e também nos últimos 12 meses. O capital principal encerrou o período em 13,0%, ficando bem acima do mínimo regulatório de 6,125% exigido no período.
O patrimônio líquido do BV fechou o trimestre em R$ 12,22 bilhões, 14,8% acima do mesmo período do ano passado e 4,8% superior ao segundo trimestre. As despesas de pessoal e administrativas somaram R$ 647 milhões no terceiro trimestre, aumento de 14,5% sobre o segundo trimestre e de 6,3% frente ao terceiro trimestre do ano passado.