Cairo, 25 nov (EFE).- A câmara Alta do Parlamento egípcio se mostrou dividida, neste domingo, com relação ao decreto do presidente Mohammed Mursi, que conta com o apoio da maioria islamita.
Durante uma sessão da câmara Alta ou "Shura", o deputado islamita Izz al-Din el Qomi assegurou que o decreto teve como objetivo "fazer frente às conspirações exteriores e interiores que querem desestabilizar o país".
Desde que o decreto de quinta-feira, quando Mursi decidiu blindar seu poder executivo e legislativo, ao ordenar que todas suas decisões sejam definitivas e inapeláveis perante a Justiça até a entrada em vigor de uma nova Constituição, não deixaram de surgir protestos.
"A declaração chega tarde demais porque algumas autoridades judiciais estão trabalhando para dissolver as instituições escolhidas", disse El Qomi, citado pelos meios de imprensa oficiais egípcios.
O deputado do Partido Liberdade e Justiça (PLJ), que foi dirigido por Mursi até que assumisse a Presidência em junho, aludia à dissolução da câmara Baixa do Parlamento e as exigências para fazer o mesmo com a "Shura" e com a Assembleia Constituinte, encarregada de redigir a Carta Magna.
Por sua vez, Najib al Shehabi, do Partido Geração, denunciou que "Mursi optou por restaurar o estilo faraônico de ditar as políticas da nação".
"Não só quebrou seu juramento constitucional, mas dividiu a nação", ressaltou.
Em uma tentativa de acalmar os ânimos, a Presidência insistiu que a declaração constitucional é temporária e não pretende concentrar poderes, ao mesmo tempo que fez uma chamada às distintas forças políticas para conseguir um consenso na Constituição.
Em comunicado, Mursi ressaltou que procura cumprir com as aspirações do povo egípcio, proteger a transição democrática e preservar a imparcialidade da judicatura. EFE