Investing.com — O mercado reagiu bem e as ações do Carrefour (BVMF:CRFB3) apresentavam forte alta no pregão desta quarta-feira, 23 de outubro, após a companhia anunciar uma estratégia de sale-leaseback e divulgar dados da prévia operacional. Às 10h50 (de Brasília), os papéis registravam ganhos de 5,38%, a R$7,44.
“Embora seja relativamente pequeno no contexto geral do grupo, acreditamos que os investidores poderão acolher com satisfação o anúncio de uma transação de venda e relocação e as notícias de uma potencial venda de determinados ativos de varejo adquiridos do Big”, apontou o Goldman Sachs (NYSE:GS) em relatório divulgado aos clientes e ao mercado.
Empresa vende ativos e deve alugar os imóveis
O Carrefour anunciou a formalização de um contrato para a venda de 15 ativos próprios onde estão localizadas lojas operadas pela companhia ou suas afiliadas sob a bandeira Atacadão, pelo montante de R$725 milhões.
A venda será para o Fundo de Investimento Imobiliário (FII) Guardian Real Estate (BVMF:GARE11), gerido pela Guardian.
Além da venda, a companhia deve celebrar contratos de locação na modalidade “sale-leaseback”, com prazo inicial de 13 anos, que são renováveis por mais cinco.
Em fato relevante, a empresa disse que os gastos com aluguel desses imóveis somarão cerca de R$4,8 milhões por mês e que a operação indica “a qualidade e robustez dos ativos imobiliários do Grupo Carrefour Brasil”.
Segundo o Safra, que possui recomendação neutra na ação e preço-alvo de R$ 8,9, a transação deve levar a alavancagem da empresa para 1,7x para este ano, contra projeção anterior do banco de 1,9x.
Dados operacionais com inflação de alimentos em foco
O Carrefour registrou vendas brutas consolidadas de R$29,5 bilhões no terceiro trimestre, um crescimento anual de 4,8%. O GMV do e-commerce foi de R$3 bilhões, alta de 21% ao ano.
Na bandeira Atacadão, que representa 72% das vendas, o montante chegou a R$21,4 bilhões, expansão anual de 8,3%. No Carrefour, que corresponde a 22%, as vendas brutas atingiram R$6,4 bilhões, perda de 7,9%. No Sam’s Club, o indicador subiu 16,9% em igual comparação, somando R$1,8 bilhão, representando 6% das vendas.
No terceiro trimestre, a companhia abriu 3 novas lojas Cash & Carry, sendo uma conversão de hipermercado e duas conversões de supermercados. Foram duas aberturas na Bahia e uma no Rio de Janeiro. Além disso, abriu 4 novos Sam’s Club, sendo 4 conversões de hipermercados. As novas lojas estão em Alagoas, Bahia, Ceará e Minas Gerais.
As vendas ficaram em linha com as estimativas do Goldman Sachs, que tem compra no papel, com preço-justo de R$12. “A administração também apontou para um melhor desempenho em setembro, corroborando a nossa opinião de que a recente recuperação da inflação alimentar poderá apresentar um risco ascendente”, disseram Irma Sgarz e Felipe Rached.
Os dados também surpreenderam positivamente a XP Investimentos (BVMF:XPBR31), que indica posição neutra na ação, com preço-alvo de R$11. “A empresa observou que o desempenho do C&C foi sustentado principalmente por um setembro sólido e dinâmicas de volume positivas, compensando uma demanda B2B ainda fraca em meio à deflação de alimentos mês a mês”, apontaram Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer.
O Itaú BBA enxergou uma surpresa positiva em Cash & Carry, mas entende que variáveis completas divulgadas no balanço devem indicar perspectivas mais claras.
“A desaceleração do SSS do terceiro trimestre em relação aos 7,4% do segundo trimestre pode ser parcialmente atribuída à decisão da empresa de reduzir sua promoção (proativa) de parcelamento em 3x em todos os cartões de crédito”, destacam os analistas do Itaú BBA.
Os analistas do Itaú BBA entendem que, com a inflação alimentar ainda num dígito, as reposições de estoques não devem subir muito, o que pode adiar um eventual aumento nas vendas da companhia. A indicação segue outperform, equivalente à compra, com alvo de R$ 13, mas as estimativas estão sob revisão.