Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava nesta quinta-feira, chegando a trabalhar abaixo dos 115 mil pontos momentaneamente, afetado pelo forte declínio de commodities, além de preocupações com uma eventual redução de estímulos monetários pelos Estados Unidos começando neste ano.
Em paralelo, no Brasil, agentes financeiros continuam desconfortáveis com a tensão e os ruídos no ambiente político-institucional e a deterioração nas perspectivas fiscais do país.
Às 11:23, o Ibovespa caía 0,74 %, a 115.775,61 pontos. No pior momento, chegou a 114.801 pontos, mínima intradia desde o final de março. O volume financeiro somava 9,4 bilhões de reais.
No exterior, as bolsas recuavam após a ata da última reunião do banco central norte-americano mostrar na véspera que membros do Federal Reserve esperam dar início à redução de estímulos ainda neste ano, começando a cortar seu programa de compra de títulos.
"A ata do Fed mudou a expectativa do mercado sobre a continuidade da política monetária extremamente estimulativa para os próximos meses", observou a equipe da CM Capital em nota a clientes mais cedo.
"É o famoso 'tapering'", afirmou o chefe de renda variável da Levante Ideias de Investimentos, Flávio Conde, avaliando a reação mais negativa no mercado como "exagerada".
Em Nova York, o S&P 500 zerou as perdas e rondava a estabilidade, com dados mostrando que os novos pedidos de auxílio-desemprego recuaram para uma mínima de 17 meses na semana passada, com 348 mil solicitações.
"O número menor mostra que a economia americana está se recuperando e, provavelmente, a redução no valor de compras de títulos públicos pelo Fed terá efeito pequeno ou até mesmo zero", acrescentou Conde.
Entre as commodities, os futuros do minério de ferro na China afundaram mais de 7%, para uma mínima desde fevereiro, enquanto o petróleo recuava mais de 2%, com o Brent tendo tocado níveis de maio.
No Brasil, os negócios seguem pressionados pela avaliação de que o risco fiscal voltou com força nos últimos dias, além do clima político turbulento, com tensão entre os poderes.
A Genial Investimentos cita entre os principais fatores para a piora na percepção fiscal a questão dos precatórios, a incerteza quanto ao valor do Auxílio Brasil e a suposta renúncia tributária com a reforma do Imposto de Renda, conforme comentários enviados a clientes nesta quinta-feira.
"A dúvida entre os investidores é se o presidente vai manter a austeridade fiscal, dada a proximidade das eleições", acrescentou, citando que o risco fiscal está gerando forte pressão negativa nos mercados e que o movimento que deve continuar pelo menos até que estas incertezas sejam reduzidas."
DESTAQUES
- VALE ON (SA:VALE3) caía 4,7%, tocando mínimas desde abril, em meio ao tombo dos preços do minério de ferro na China. Além disso, o Ministério Público de Minas Gerais pediu à Justiça o arresto cautelar de bens das mineradoras e da BHP Group (LON:BHPB) no valor dos créditos listados pela sua joint venture Samarco no pedido de recuperação judicial, de 50,7 bilhões de reais. No setor de mineração e siderurgia, CSN ON (SA:CSNA3) recuava 4,9% e USIMINAS PNA (SA:USIM5) perdia 3,75%.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) e PETROBRAS ON (SA:PETR3) cediam 1,3% e 1%, respectivamente, na esteira da queda dos preços do petróleo no mercado externo, onde o Brent mostrava um declínio de 2,3%.
- ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) recuava 0,4% e BRADESCO PN (SA:BBDC4) caía 0,5%, corroborando a fraqueza do Ibovespa, enquanto BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) tinha elevação de 1,2%.
- WEG ON (SA:WEGE3) tinha alta de 2,7%, em sessão de recuperação, após recuar mais de 3% na véspera.
- ASSAÍ ON
- ENEVA (SA:ENEV3) ON valorizava-se 2,6%, encontrando respaldo em relatório do Bank of America, iniciando a cobertura da empresa com recomendação de ‘compra’ para as ações e preço-alvo de 19 reais.