Por Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - Alguns dos países mais pobres do mundo estão relutantes em buscar alívio da dívida em um programa apoiado pelo Grupo das 20 principais economias, preocupados com a possibilidade de prejudicar suas classificações de crédito e o acesso futuro ao mercado, disse a chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, disse à Reuters que não está pressionando os países a buscar a suspensão dos pagamentos da dívida dos credores bilaterais oficiais, mas quer que eles tenham a opção de liberar fundos para combater a nova pandemia de coronavírus.
Em abril, o G20 apoiou a proposta de alívio da dívida defendida por Georgieva e pelo presidente do Banco Mundial, David Malpass, e um grupo de credores privados recomenda que seus membros participem, mas o interesse tem sido morno.
Dos 77 países elegíveis para esse alívio da dívida, apenas 22 o solicitaram até agora, disse um porta-voz do FMI.
O Clube de Paris disse nesta segunda-feira que concordou em suspender os pagamentos do serviço da dívida do Mali e da ilha caribenha de Dominica como parte do acordo de alívio da dívida do G20, os dois primeiros países a se beneficiarem.
O programa visa aliviar o impacto econômico da pandemia nos países mais pobres do mundo, muitos dos quais carecem de um bom sistema de saúde e têm altos níveis de dívida.
No entanto, os termos do alívio da dívida do G20 também limitam o valor da dívida sob condições facilitadas que os países podem contrair durante o período de suspensão, restringindo potencialmente o acesso ao mercado de capitais.
Gestores de recursos de mercados emergentes que trabalham com países africanos altamente endividados argumentaram que o alívio geral da dívida por credores privados colocaria em risco o acesso dos países africanos ao capital.
Georgieva disse que os líderes de alguns países elegíveis escreveram para ela expressando preocupações, mas não mencionou nenhum. Ela disse que a participação é uma decisão soberana dos países.
"Na verdade, eu não exortaria os países a participar de iniciativas de alívio da dívida se eles acham que é do seu interesse não participar", disse ela à Reuters em entrevista.
(Reportagem adicional de Karin Strohecker em Londres e de Leigh Thomas em Paris)