O tom positivo do exterior estimular a alta do Ibovespa, de forma a conduzi-lo a um terceiro mês consecutivo de valorização e a, quem sabe, alçar novas marcas. Além disso, a desaceleração nas projeções para o IPCA e para a Selic, no Boletim Focus, tende a elevar as apostas em relação a um corte de meio ponto porcentual no juro básico na quarta-feira, 2, pelo Copom. Lá fora, notícias da China e especulação de pausa na alta dos juros americanos norteiam os mercados, antes da agenda ganhar força.
O noticiário corporativo local também ajuda a impulsionar o Índice Bovespa, após, principalmente, o anúncio da nova política de dividendos da Petrobras (BVMF:PETR4) e o upgrade pela Fitch, além da alta do petróleo.
O minério de ferro subiu 0,54% em Dalian. A China divulgou desempenho melhor do que o esperado da manufatura no país e anunciou mais medidas para impulsionar o crescimento da segunda maior economia do mundo.
"Os dados industriais da China vieram bons e já houve reflexo nos mercados asiáticos", ressalta Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos.
As ações da Vale (BVMF:VALE3) subiam quase 2,40% perto de 11h, após cair 3,96% na sexta-feira, em meio ao recuo do minério e à queda em seu lucro no segundo trimestre. Os papéis da Petrobras avançavam entre 2,55% (PN) e 2,84% (ON).
"A alta de Vale é compreensiva por conta dessa questão da China. No caso da Petrobras, não dá para entender. Os preços internos dos combustíveis estão com defasagem em relação ao exterior e o petróleo sobe. Além disso, teve a nova política de dividendos. Só se os papéis estiverem subindo olhando a recompra de ações que a empresa deve fazer", avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.
Na sexta, o Ibovespa fechou com alta de 0,16%, aos 120.187,11 pontos, acumulando elevação de 1,78% em julho. Agora, sobe 3,07% no período. "Foi importante não perder o nível dos 120 mil pontos. Deixa a possibilidade de ir buscar os 124.500 pontos, os 125 mil pontos", cita o economista Álvaro Bandeira em comentário matinal.
Ainda na sexta-feira, o conselho de administração da Petrobras aprovou por maioria o aprimoramento de sua Política de Remuneração aos Acionistas. A remuneração continua a ser aplicada sobre o fluxo de caixa livre e trimestral, e o porcentual foi reduzido de 60% para 45%, cinco pontos porcentuais a mais do que vinha sendo especulado no mercado.
"Do lado positivo, temos uma distribuição mínima de dividendos de 45% maior que o esperado. Contudo, do lado negativo, a mudança de consideração do Capex pode zerar algumas distribuições. A nova política deve aumentar as projeções de dividendo dos analistas", avalia em nota a Guide Investimentos.
Para Takeo, da Ouro Preto, ainda que a política de dividendos da Petrobras tenha apresentado redução, permitirá uma boa distribuição aos acionistas, acrescentando que também as medidas de estímulo do gigante asiático e o Boletim Focus como estímulos ao Ibovespa. Segundo ele, as reduções nas estimativas para IPCA e Selic na pesquisa divulgada pelo Banco Central fortalecem o fechamento da curva futura de juros, podendo elevar as apostas de corte de 0,5 ponto porcentual na Selic, na quarta-feira.
A maioria dos economistas e especialistas espera corte de 0,25 ponto porcentual. A curva futura de juros têm viés de baixa nesta manha. "Ainda acredito em queda de 0,25 ponto", diz Jefferson Laatus.
No exterior, a semana contará com divulgações de política monetária, destaca a economista-chefe do TC, Marianna Costa. "É a segunda bateria de reuniões de BCs ao redor do mundo", diz, mencionando o da Inglaterra e o da Austrália, após o Banco Central Europeu (BCE) e o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos).
"Na Inglaterra, espera-se alta de 0,25 ponto nos juros. Na última reunião, surpreenderam ao subirem meio ponto, dada a inflação resiliente. Só que de lá para cá, houve algum arrefecimento dos preços, o que permite uma magnitude menor. No entanto há dúvidas sobre se será a ultima alta. Na Austrália, também é esperado aumento de 0,25 ponto. Na sexta, tem o payroll, que ganha ainda mais importância após o Fed colocar o peso das divulgações como vetor para as próximas decisões", afirma Marianna.
Às 11h18 desta segunda-feira, 31, o Ibovespa subia 1,26%, aos 122.071,87 pontos, após avançar 1,57%, na máxima aos 122.071,87 pontos.