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Por Eduardo Baptista
PEQUIM (Reuters) - A gigante de tecnologia chinesa Huawei desenvolveu, em parceira com uma universidade, uma versão do modelo de inteligência artificial DeepSeek focada em segurança, que segundo a empresa é "quase 100% bem-sucedido" em impedir discussões sobre tópicos politicamente sensíveis.
Os reguladores chineses exigiram que os modelos domésticos de IA e os aplicativos que eles alimentam refletissem os "valores socialistas" da China antes de serem divulgados ao público, em conformidade com controles rígidos sobre a liberdade de expressão.
A Huawei disse em publicação em uma conta WeChat da empresa na noite de quinta-feira que usou 1.000 de seus chips Ascend AI para treinar o modelo de linguagem grande, que foi ajustado do modelo de código aberto R1 da DeepSeek.
O projeto foi desenvolvido em parceria com a Universidade de Zhejiang, onde estudou o fundador da DeepSeek, Liang Wenfeng. A DeepSeek e Liang, no entanto, não tinham envolvimento aparente no projeto. A DeepSeek não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
CHINA ABRAÇA E AJUSTA DEEPSEEK
O lançamento do DeepSeek-R1 e V3 pela DeepSeek chocou o Vale do Silício e os investidores de tecnologia fora da China, devido ao seu nível de avanço, desencadeando em janeiro uma liquidação de ações de empresas ocidentais ligadas a IA.
Os modelos de IA foram adotados, modificados e implantados na indústria e na sociedade chinesas.
Chatbots de IA chineses como o Ernie Bot, do Baidu -- a primeira resposta da China ao ChatGPT, da OpenAI --, se recusam a responder muitas perguntas sobre política interna chinesa ou tópicos considerados sensíveis pelo Partido Comunista no poder.
O modelo modificado da Huawei chama-se DeepSeek-R1-Safe. Os testes mostraram que ele teve "quase 100% de sucesso" na defesa contra "problemas prejudiciais comuns... incluindo discurso tóxico e prejudicial, conteúdo politicamente sensível e incitação a atividades ilegais", afirmou a empresa.
No entanto, essa taxa de sucesso caiu para 40% quando os comportamentos foram disfarçados por desafios baseados em cenários, cenários de dramatização e codificação criptografada, de acordo com a Huawei.
"Sua capacidade abrangente de defesa de segurança atingiu 83%, superando vários modelos concorrentes como Qwen-235B e DeepSeek-R1-671B em 8% a 15% sob condições de teste idênticas", acrescentou a empresa, referindo-se a um modelo desenvolvido pela gigante tecnológica chinesa Alibaba.
O DeepSeek-R1-Safe apresentou uma degradação de desempenho inferior a 1% em comparação ao DeepSeek-R1 original, disse a Huawei.
A empresa está realizando sua conferência anual Huawei Connect em Xangai, onde na quinta-feira quebrou anos de sigilo sobre seus esforços de fabricação de chips.
(Reportagem de Eduardo Baptista)