Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A fabricante chinesa de painéis solares Jinko Solar espera vender até 1 gigawatt em equipamentos no Brasil em 2020, disse um executivo da companhia nesta terça-feira, ao anunciar um acordo com uma distribuidora local para o mercado do maior país da América Latina.
O movimento da empresa vem em momento de crescimento acelerado no Brasil da tecnologia de geração distribuída (GD) de energia solar, que envolve a instalação de sistemas em telhados de residências ou em grandes terrenos.
O país registrou em 2019 a instalação de um total de 1,3 gigawatts em novos sistemas solares como esses, o que fez da tecnologia a segunda com maior expansão entre as fontes de energia no Brasil no ano, atrás apenas das hidrelétricas, mas à frente de parques eólicos e de usinas solares de grande porte.
O chefe de vendas em geração distribuída da Jinko no Brasil, Gustavo Tegon, disse que a parceria anunciada nesta terça-feira, com a empresa local Aldo Solar, deve permitir à companhia chinesa expandir significativamente sua atual participação no mercado de GD do Brasil, de 12%.
"Estamos iniciando no primeiro trimestre já mirando acima de 100 megawatts de entregas... e crescendo de maneira progressiva. Poderia atingir 1 GW desde que o mercado continue crescendo. Não tenho dúvida de que podemos chegar a esse número", afirmou Tegon, em videoconferência com jornalistas sobre o negócio.
"Terminamos (2019) com 12% de share (participação no mercado). Queremos no mínimo dobrar. A política da Jinko é ter pelo menos 25% em cada mercado em que ela atua. Não temos dúvidas de que com essa parceria esse número acontecerá", acrescentou.
A parceria entre as duas empresas não tem um prazo definido, segundo o executivo.
FUTURO DO MERCADO
A associação entre a chinesa Jinko e a Aldo vem em momento em que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) avalia mudanças nas regras para os sistemas de geração distribuída.
Atualmente, consumidores ou empresas que instalam painéis solares podem descontar de suas contas de luz toda a energia produzida pelos sistemas. Mas a proposta da Aneel prevê abater dos créditos gerados pelas instalações de GD o que considera custos para manutenção da rede.
A discussão no regulador, no entanto, gerou forte reação do presidente Jair Bolsonaro, que prometeu iniciativa conjunta com os presidentes da Câmara e do Senado para barrar a proposta da Aneel caso ela seja aprovada. O presidente também chegou a afirmar que a Aneel deve desistir das alterações.
"Se isso for colocado de maneira oficial pela Aneel, vai dar muito mais ritmo ao mercado... estamos trabalhando com no mínimo um crescimento de 15% mês a mês (do mercado de GD solar)", disse o presidente da Aldo, Aldo Pereira Teixeira.
Ele projetou que a capacidade instalada em sistemas de geração distribuída solar pode dobrar em 2020, para 4 gigawatts, de cerca de 2 gigawatts atuais.
A Aldo já havia anunciado em julho passado um acordo com a também chinesa Trina Solar para trazer equipamentos da companhia para o Brasil, em uma parceria que continua em vigor, segundo o executivo.
Ele afirmou que a nova associação, com a Jinko, permitirá à Aldo continuar a atender à forte expansão projetada para as instalações de GD em 2020.
(Por Luciano Costa)