SÃO PAULO (Reuters) - A maior companhia de meios de pagamento eletrônico do Brasil, Cielo (SA:CIEL3) está detectando sinais de retomada gradual do consumo no país, mas o movimento não deve parar totalmente a redução na base de máquinas de transações nos próximos meses.
Segundo o presidente da companhia, Eduardo Gouveia, a queda no parque de máquinas de pagamento porém deve ocorrer em menor intensidade nos próximos meses, disse o executivo durante teleconferência com jornalistas após resultado de segundo trimestre da empresa divulgado na noite da véspera.
"A gente hoje tem uma base analítica muito interessante de consumo por região e isso dá um norte de que alguns segmentos e regiões do país têm se recuperado gradualmente", disse o executivo, citando como exemplo de segmento o setor de farmácias.
Apesar disso, as ações da companhia lideravam as perdas do Ibovespa nesta quarta-feira, recuando 4,4 por cento às 11:07, enquanto o índice tinha alta de 0,35 por cento, em meio à preocupação de investidores com recuo na base de máquinas de pagamento da companhia e receita e apesar do aumento do percentual de remuneração dos acionistas de 30 para 70 por cento do resultado da companhia em 2017.
Entre o segundo trimestre do ano passado e o final de junho deste ano, a base de máquinas de pagamento da empresa caiu 15 por cento, para 1,76 milhão de unidades. A receita líquida recuou quase 8 por cento, para 2,83 bilhões de reais.
Gouveia não deu detalhes sobre a participação de mercado atual da Cielo, mas afirmou que ela caiu em relação ao ano passado. "Estamos perdendo participação em relação ao ano passado. Depois do multivan em julho, é natural que o mercado se acomode", disse o executivo em referência ao sistema em que as empresas operadoras de meios de pagamento passaram a aceitar todas as bandeiras de cartões.
Segundo o executivo, a concorrência com as rivais maiores da companhia, como a Rede, do Itaú Unibanco (SA:ITUB4), está "um pouco mais racional", com todos os nomes focando em rentabilidade. Porém, na ponta abaixo o executivo citou um comportamento mais agressivo e citou o surgimento de mais uma operadora, a Gracinha Oruspay.
Questionado se os recursos destinados ao aumento do pagamento de remuneração aos acionistas poderia ser direcionado em parte para aquisição de novas tecnologias em um ambiente de crescimento acelerado das chamadas fintechs, Gouveia afirmou que a posição da caixa da Cielo é robusta.
"Quando decidimos aumentar a remuneração (dos acionistas) foi considerando qualquer movimento futuro, mas não tem nenhum movimento de aquisição neste momento. Estamos cada vez mais antenados nesse processos de inovação e startups e isso tem traduzido energia nova para a empresa", disse o executivo. A Cielo terminou junho com caixa de 2,75 bilhões de reais
(Por Alberto Alerigi Jr.)