SÃO PAULO (Reuters) - A Cielo (SA:CIEL3) valeu-se do controle das despesas para compensar a continuada queda das receitas e estabilizar o lucro no segundo trimestre, mas não conseguiu impedir a redução de suas previsões de desempenho para 2017.
Maior empresa de meios eletrônicos de pagamentos do país, a Cielo teve lucro líquido de 1,04 bilhão de reais no período, alta de 1 por cento ante mesma etapa de 2016 e queda de 0,5 por cento sobre o trimestre anterior.
Refletindo o cenário econômico adverso do país, que lentamente emerge da sua pior recessão, a Cielo viu sua receita líquida cair 7,8 por cento ano a ano, a 2,83 bilhões de reais, com a empresa citando a redução do preço médio das transações, o crescimento da participação dos pagamentos com cartões de débito, que rendem menos, e a concentração em grandes clientes.
No período também houve redução nas receitas de aluguel de equipamentos de captura, com a base de terminais (POS) ativos caindo a 1,5 milhão, queda de 10,9 por cento em 12 meses.
Em outra frente, a aquisição de recebíveis líquido sem custo de captação caiu 11,2 por cento, para 574 milhões de reais, refletindo a diminuição do volume e a queda da taxa média de juros, além da redução do prazo médio das operações.
Em contrapartida, o custo dos serviços prestados caiu 9,2 por cento, a 1,175 bilhão de reais. Já as despesas operacionais caíram ainda mais, 12,4 por cento, a 375,1 milhões de reais.
"O segundo trimestre não apresentou alteração no comportamento do negócio, ainda pressionado por um cenário econômico desafiador, exigindo foco constante na disciplina em nossas operações", disse a companhia no relatório de resultados.
O resultado da companhia medido pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização, na sigla em inglês), somou 1,28 bilhão de reais de abril a junho, queda de 5,1 por cento ano a ano.
Nesse cenário, a Cielo cortou a estimativa de gastos e investimentos em 2017, citando entre fatores a mortalidade de lojistas impactados pela crise econômica do país.
A previsão de variação de custos e despesas no Brasil em 2017 passou da faixa de crescimento de 4 a 6 por cento para 0 a 2 por cento. Para investimentos, a projeção passou de 400 milhões de reais para a faixa de 150 milhões a 200 milhões.
A projeção para o crescimento do volume financeiro capturado em transações de crédito e débito em 2017 foi mantida em 4 a 6 por cento, após o desempenho dessa linha no primeiro semestre mostrar crescimento de 4,8 por cento.
"A razão para tal alteração está relacionada ao menor ritmo de afiliação e maior mortalidade de lojistas, principalmente no varejo, em face do cenário macroeconômico", afirmou a Cielo em comunicado ao mercado.
(Por Aluísio Alves)