Por Aluisio Alves
(Reuters) - O presidente-executivo da Cielo (SA:CIEL3), Paulo Caffarelli, disse nesta quarta-feira esperar que o Banco Central autorize em novembro o uso do WhastApp para pagamentos.
"A expectativa que a gente tem ouvido de partes envolvidas no assunto é de que autorização do regulador sairá em novembro", disse Caffarelli em teleconferência com jornalistas sobre os resultados da Cielo do terceiro trimestre, sem mencionar nomes.
O WhatsApp, braço de mensageria do Facebook, anunciou em junho parceria com Banco do Brasil (SA:BBAS3), Cielo e as bandeiras de cartões Visa e Mastercard para pagamentos, mas o BC suspendeu essa operação, autorizando-a desde o final de julho apenas para testes.
Nesse período, a expectativa em torno do início comercial desse negócio tem ampliado a volatilidade das ações da Cielo, com analistas avaliando que a maior empresa de pagamentos eletrônicos do país pode ter na parceria um caminho para se recuperar, após anos de queda nas margens e nos lucros.
Essa tendência declinante foi reforçada terça-feira à noite, quando a Cielo anunciou que seu lucro do terceiro trimestre caiu 71,5% ante mesma etapa de 2019, refletindo queda nas margens devido à forte concorrência e os efeitos da crise desencadeada pela pandemia da Covid-19.
Em nota a clientes, o Credit Suisse (SIX:CSGN) reafirmou ser "difícil ver qualquer ângulo estruturalmente positivo nas ações se a Cielo continuar da mesma forma", embora tenha considerado o resultado trimestral acima do previsto.
Analistas do setor financeiro ainda veem desafios adicionais para a Cielo com a estreia em novembro do sistema instantâneo de pagamentos, PIX, que deve tomar mercado de outras modalidades que dão receitas para instituições financeiras, caso dos cartões de crédito e de débito, eixo do negócio das adquirentes.
Caffarelli, no entanto, alegou na teleconferência que o PIX deve ampliar a bancarização no Brasil, criando oportunidades maiores para o setor financeiro, incluindo a própria Cielo. Mas não deu detalhes.
Às 11:55, a ação da Cielo caía 3,6%, enquanto o Ibovespa tinha queda de 3,2%, num dia de fortes perdas nas bolsas no mundo inteiro, diante de uma nova onda de infecções pela Covid-19 e de receios ligados à eleição presidencial nos EUA.
(Com reportagem adicional de Paula Arend Laier)