Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Cielo (SA:CIEL3) apresentou um desempenho mais forte do que o esperado e ganhou participação de mercado pelo segundo trimestre seguido em relação à Rede, do Itaú Unibanco, e à GetNet, do Santander Brasil (SA:SANB11), concluiu o analista do BTG Pactual (SA:BPAC11) Eduardo Rosman, ressaltando, contudo, que o cenário continua bastante desafiador para o setor de meios de pagamentos.
"Embora a Rede e a GetNet estejam dizendo que não querem brigar apenas por participação de mercado, não esperamos que a guerra de preços em ascensão diminua tão cedo", afirmou Rosman em relatório distribuído a clientes nesta terça-feira, após a divulgação dos resultados trimestrais das principais empresas de adquirência do país.
De acordo com números conhecidos na semana passada, o volume financeiro das transações capturado pelos terminais da Cielo aumentou 8,9% no segundo trimestre quando comparado ao mesmo período de 2018, para 164,5 bilhões de reais. Na comparação com os primeiros três meses do ano, cresceu 4,9%.
Na véspera, o Itaú divulgou que a sua atividade de adquirência alcançou 114,1 bilhões de reais, acréscimo de 12,1% em relação ao mesmo período de 2019 e de 0,9% frente ao primeiro trimestre. Em teleconferência com jornalistas, o presidente-executivo do banco, Candido Bracher, disse que a Rede tem perdido parcelas de mercado em segmentos menos rentáveis.
Na semana passada, Santander Brasil havia reportado queda de 6,35% no faturamento da Getnet, para 46,9 bilhões de reais. Em relação aos primeiros três meses de 2019, houve queda de 1,47%.
A Stone, que divulgou dados preliminares para abril a junho mais cedo nesta terça-feira, mais uma vez 'brilhou' na visão do BTG ao sinalizar crescimento de 60,6% no volume total de pagamentos processados na plataforma ano a ano, para 29,8 bilhões de reais.
Rosman disse que melhorou um pouco o viés em relação ao preço das ações da Cielo após números do segundo trimestre, mas que, estruturalmente falando, o ambiente ainda é altamente desafiador. "Se as informações fornecidas forem corretas (ou seja, que apenas 50% da base já está sob novos preços), a rentabilidade ainda tem muito espaço para diminuir."
"Naturalmente, Rede e GetNet não estarão em modo de espera. Como ambos são 100% de propriedade do Itaú e do Santander, também acreditamos que eles podem ser mais facilmente tratados como centros de custo por seus acionistas controladores, o que não é o caso da Cielo", acrescentou.
O BTG Pactual tem recomendação 'neutra' para Cielo e Santander Brasil e de 'compra' para Itaú e Stone.