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(Reuters) - Analistas do Citi reiteraram a recomendação neutra para as ações da Petrobras em relatório enviado a clientes nesta quarta-feira, no qual também mantiveram o preço-alvo dos papéis em R$35 -- ou US$12,50 no caso dos ADRs (recibos das ações negociados nos Estados Unidos).
Eles afirmaram que a companhia pode ser uma boa opção de ’carry’ entre as ações brasileiras, devido ao "anúncio resiliente de dividendos" e citaram aumento no fluxo para os papéis por uma possível tese de "trade" eleitoral, mas avaliam que a empresa talvez não seja o melhor nome para se expor a essa tese.
Na visão de Gabriel Barra e equipe, a melhora na produção da Petrobras deve compensar parcialmente a possível tendência de queda nos preços do petróleo. Mas veem como componente negativo a Petrobras aumentando seus desembolsos de capex para 2025.
"Acreditamos que a companhia possa anunciar uma redução ("haircut") na sua projeção de capex para 2026, a fim de evitar um aumento expressivo na alavancagem em um cenário de preços mais baixos do petróleo", afirmaram em relatório no qual revisaram suas previsões para a estatal.
Eles agora estimam um lucro líquido de US$16,559 bilhões para 2025 e de US$14,469 bilhões para 2026, ante US$17,058 bilhões e US$14,888 bilhões, respectivamente, antes.
A Petrobras divulgou na semana passada lucro líquido de R$26,65 bilhões no segundo trimestre, em um período marcado por um aumento da produção de petróleo, mas também por um recuo do preço do petróleo Brent no mercado global, segundo relatório financeiro publicado na quinta-feira passada.
O resultado reverteu um prejuízo líquido de R$2,6 bilhões no mesmo período do ano anterior, que havia sido impactado por fortes efeitos tributários e cambiais. Na comparação com o primeiro trimestre, o lucro recuou 24,3%. Desconsiderando eventos exclusivos do período, o lucro alcançou R$23,19 bilhões.
A estatal também anunciou na ocasião o pagamento de R$8,66 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) intercalares aos acionistas, bem como a inclusão da distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha, no plano estratégico da empresa.
Na Carta do Gestor referente a julho, a equipe da Vista Capital, que tem João Landau como sócio-fundador e diretor de investimentos (CIO) e Pérsio Arida como sócio conselheiro, afirmou estar com posição vendida nos papéis da Petrobras, após ficar comprada por quase seis anos na empresa.
Eles apontaram que permanecem sinais de deterioração na governança e iniciativas de investimento questionáveis, como a expansão em GLP, mas que o fator mais relevante hoje é a ausência de margem de segurança. E avaliam que o balanço do segundo trimestre ilustra bem.
"Com o petróleo a R$385/barril, a empresa gerou R$42,5 bilhões de caixa operacional, mas consumiu R$38,1 bilhões entre capex, leasing e juros, resultando em geração líquida de caixa próxima de 1% no trimestre", escreveram na carta.
"Ainda assim, optou por pagar dividendos quase duas vezes superiores à geração de caixa, financiados por aumento de endividamento. Com o petróleo atualmente cerca de 8% abaixo da média do trimestre, a inviabilidade de sustentar essa política de dividendos torna-se evidente."
Eles acrescentaram que o pré-sal continua sendo um ativo de classe mundial, com um dos menores custos marginais de produção.
"No entanto, a Petrobras, como corporação, deixou de ser uma produtora de baixo custo quando se considera o peso estrutural de leasing e capex", argumentaram.
"No preço atual do petróleo (cerca de US$70/barril), a geração de caixa livre já é mínima; se o barril recuar de forma mais acentuada, a empresa será forçada a cortar dividendos e reduzir investimentos — ou revisitar debates sobre sua solvência, como no período (da presidente) Dilma (Rousseff)."
A equipe da Vista entende que, ao contrário de ciclos passados, nem mesmo uma eventual vitória de centro-direita em 2026 resolveria essas fragilidades, pois a exposição crescente ao câmbio e o baixo desconto de governança limitam o "upside".
"Diante de um ambiente de maior incerteza sobre o principal produto da empresa e de compromissos financeiros elevados, a margem de segurança exigida deveria ser substancialmente maior que a atual."
Nesta quarta-feira, as preferenciais da Petrobras caíam 0,75%, a R$30,57, na B3, enquanto as ordinárias recuavam 0,6%, a R$32,90. Na véspera da divulgação do balanço, fecharam a R$32,53 e R$35,61. No ano, acumulam quedas de cerca de 11% e 12%.
(Por Paula Arend Laier)