Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA) protocolou no Ministério do Trabalho pedido para uma audiência com representantes da pasta e da BRF (SA:BRFS3) buscando a garantia do emprego dos trabalhadores da companhia, após nova fase da operação Carne Fraca nesta semana voltar a envolver a empresa.
"Nós queremos transmitir uma certa tranquilidade a esses trabalhadores", disse o presidente da CNTA, Artur Bueno de Camargo. Ele disse que protocolou o ofício na terça-feira e que agora aguarda o agendamento da reunião com o ministério.
Bueno afirmou que informou a BRF sobre tal preocupação durante reunião com representantes da companhia na véspera. "Isso é um problema da gestão...os trabalhadores não podem pagar", afirmou à Reuters.
Procurada, a BRF disse que não comentaria sobre a reunião.
Bueno disse que até o momento não houve alterações no ritmo de produção das unidades afetadas por suspensão de exportações, mas destacou que, quando isso ocorre é possível haver redução na produção. "A tensão (entre os trabalhadores das fábricas afetadas) é enorme diante dos acontecimentos."
Ele disse que agora está pedindo a sindicatos e federações que também trabalhem nas suas regiões sobre a garantia de emprego. "É preciso uma ação conjunta."
Na segunda-feira, a Polícia Federal prendeu temporariamente o ex-presidente da BRF Pedro Faria e a Justiça determinou a prisão de outras 10 pessoas em nova fase da operação que investiga irregularidades na análise sanitária de produtos alimentícios.
A operação ainda provocou a suspensão pelo Ministério da Agricultura das exportações nas fábricas da companhia em Rio Verde (GO), Carambei (PR) e Mineiros (GO) para 12 destinos onde são exigidos requisitos sanitários específicos de controle e tipificação da bactéria Salmonella spp, entre eles África do Sul, Coreia do Sul e União Europeia.
A BRF disse que o ritmo de produção nas plantas não foi alterado, uma vez que as mesmas atendem outros mercados.
PLR
Bueno afirmou ainda que a CNTA está buscando da BRF mudança no plano de remuneração variável por desempenho, para que o cálculo não considere apenas o resultado final da empresa em si, mas o desempenho das respectivas áreas em que atuam os funcionários.
Segundo ele, a participação nos lucros e resultados (PLR) referente a 2017 foi paga na segunda-feira, com cada trabalhador recebendo em média 450 reais. A BRF encerrou o ano passado com prejuízo líquido de 1,1 bilhão de reais.
As ações da BRF fecharam em alta de 4,2 por cento, recuperando parte das perdas sofridas no início da semana, enquanto o Ibovespa encerrou com desvalorização de 0,2 por cento.