Por Gabriel Codas
Investing.com - As ações da JBS (SA:JBSS3) são negociadas com forte queda na parte da manhã desta sexta-feira, depois da companhia informar na noite de ontem que encerrou o primeiro trimestre do ano com prejuízo de R$ 5,9 bilhões entre janeiro e março, ante lucro de R$ 1,09 bilhão um ano antes. A forte valorização do dólar atingiu em cheio a linha financeira da companhia.
Por volta das 10h58, os papéis caíam 4,7% a R$ 23,30. O Ibovespa apresentou volatilidade na primeira hora de negócios, se alternando entre alta e baixa. O principal índice acionário brasileiro tinha alta de 0,34% no momento da escrita.
Essa variação foi ditada sobretudo pelo resultado negativo de 8,2 bilhões de reais na linha “variações cambiais ativas e passivas”, que também tinha ficado no vermelho, mas em apenas R$ 172 milhões um ano antes.
Para o BTG Pactual (SA:BPAC11), a depreciação do real, um resultado superior resiliente em meio à turbulência macro e melhorando o momento na maioria das divisões, deve permitir à JBS melhorar significativamente os resultados operacionais e o FCF a partir do 2T20. Um balanço enxuto também pode significar menor risco em relação à crise passada. Os analistas enxergam a negociação com um atraente rendimento de 15% de FCFE.
Para a XP Investimentos, os números da JBS vieram linha com as expectativas, mas sólidos, com um EBITDA ajustado de R$ 3,9 bilhões, 2,5% acima do esperado (+ 23% A/A). A margem EBITDA ajustada de 6,9% veio ligeiramente acima da estimativa da corretora de 6,7%, mas abaixo da margem de 7,2% no 1T19;
Para os analistas, a Seara e JBS Brasil (Friboi) foram os principais destaques. A empresa como um todo registrou um prejuízo contábil de R$ 5,9 bilhões, principalmente devido a impactos cambiais não-caixa de R$ 8,2 bilhões no trimestre. Pelo lado positivo, o fluxo de caixa operacional de R$ 1,1 bilhão foi forte, +43% na comparação anual, e a alavancagem em reais caiu de 3,2x no 1T19 para 2,8x no 1T20. Além disso, a empresa se beneficia de um robusto balanço patrimonial, com quase R$ 24 bilhões em caixa e equivalentes, valor suficiente para pagar suas dívidas até 2025;
Os analistas mantiveram a recomendação de Compra e esperam ouvir mais detalhes sobre o cenário atual do setor de proteínas durante a teleconferência da empresa, que será realizada nesta da manhã.
Balanço
No plano operacional, a receita líquida da JBS somou 56,5 bilhões, alta de 27,3%, com crescimento em todas as linhas de negócios no comparativo anual, com destaque para JBS USA Beef (+21,8%), Pilgrim’s Pride (+33,5%), ambas impactadas pela variação cambial, e Seara (+39%).
O resultado operacional medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado foi de 3,9 bilhões de reais, aumento de 22,6% no comparativo anual.
Além da linha financeira, o efeito cambial também fez a dívida líquida da companhia aumentar de 48,7 bilhões para 57 bilhões de reais, embora com a alavancagem tenha reduzido de 3,2 vezes para 2,77 vezes, no comparativo anual.
A companhia afirmou ter fechado o trimestre com 18,5 bilhões de reais em caixa.A empresa adotou férias coletivas entre 19 março e 9 de abril em algumas unidades de bovinos no Brasil. A unidade de processamento de frango da Seara em Passo Fundo (RS) teve as operações suspensas em 24 de abril.
“Nesse trimestre os impactos decorrentes destas ações não são representativos nos números e indicadores consolidados e, para os futuros trimestres, ainda estão sendo apurados pelas respectivas unidades de negócio”, diz o documento.
Nos Estados Unidos, a JBS USA suspendeu temporariamente as atividades em algumas plantas de processamento de bovinos e suínos, mas já retomaram as operações. Nos demais mercados for a do Brasil, a JBS disse que segue operando normalmente.
A JBS comentou que os efeitos da pandemia, com interrupções na cadeia de suprimentos, além da escassez de mão de obra “podem impactar unidades produtivas, gerando redução no processamento de proteínas, bem como impactando o preço da matéria prima”.