Por Khalid Abdelaziz
CAIRO (Reuters) - O comandante do Exército do Sudão, Abdel Fattah al-Burhan, foi empossado nesta quinta-feira como chefe do novo conselho de transição que ele próprio nomeou para liderar o país após os militares assumirem o poder no final do mês passado, rechaçando a pressão doméstica e internacional para reverter o golpe.
O novo Conselho Soberano de 14 membros, para o qual ainda falta a confirmação de um dos integrantes, inclui civis representando regiões do Sudão, mas nenhum das Forças da Liberdade e Mudança (FFC), coalizão política que vinha dividindo o poder com os militares em uma transição democrática desde 2019.
O vice de Burhan continuará sendo Mohamed Hamdan Dagalo, comandante do poderoso grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês). Os dois homens mantiveram os cargos que tinham antes do golpe.
A medida deve endurecer a oposição entre grupos civis que prometeram resistir ao golpe por meio de uma campanha de desobediência civil, greves e grandes protestos. O próximo está marcado para sábado.
No fim da quinta-feira, manifestantes fecharam ruas e queimaram pneus em Burri, um bairro no leste da capital Khartoum, afirmaram testemunhas. Fotos não verificadas publicadas nas redes sociais pareciam mostrar protestos similares em outras partes da capital.
O novo conselho também inclui representantes de grupos rebeldes que fecharam um acordo de paz com o governo ano passado, mas haviam rejeitado o golpe em um comunicado esta semana.
O golpe de 25 de outubro encerrou um arranjo de compartilhamento de poder entre militares e civis organizado após a derrubada do ex-presidente Omar al-Bashir em 2019, que deveria levar a eleições no final de 2023.
(Reportagem de Khalid Abdelaziz, Nafisa Eltahir, Ahmed Hagagy, Mahmoud Mourad e Michelle Nichols)