WASHINGTON (Reuters) - O presidente eleito Donald Trump incumbiu o bilionário Elon Musk, presidente-executivo da Tesla (NASDAQ:TSLA), de criar um painel para reorganizar o governo dos EUA. Embora Trump tenha dito pouco sobre como esse grupo operaria, Musk já estabeleceu uma meta ambiciosa de cortar 2 trilhões de dólares em gastos federais.
Musk, a pessoa mais rica do mundo, chefiará o novo painel ao lado do o ex-candidato presidencial republicano Vivek Ramaswamy. Veja como isso pode funcionar.
O QUE MUSK QUER CORTAR?
Musk disse em um comício de Trump no Madison Square (NYSE:SQ) Garden em outubro que o orçamento federal poderia ser reduzido em "pelo menos" 2 trilhões de dólares. Essa meta ambiciosa excede o total de gastos discricionários, incluindo os com defesa, que são estimados em 1,9 trilhão de dólares, de um total de 6,75 trilhões em gastos federais para o ano fiscal de 2024, de acordo com o Gabinete Orçamentário do Congresso.
Musk, cujas empresas incluem a fabricante de veículos elétricos Tesla e a empresa espacial comercial SpaceX, tem amplos contratos federais para foguetes e outras operações espaciais com a Nasa e o Pentágono.
Musk também tem tido problemas com vários órgãos reguladores federais. A Administração Federal de Aviação tem influência sobre os lançamentos de foguetes da SpaceX, e a Agência de Proteção Ambiental multou a empresa por poluição perto de um local de lançamento no Texas.
Já a Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário está investigando as funções de direção autônoma nos carros da Tesla. A Comissão de Valores Mobiliários disciplinou Musk por um tuíte de 2018 sobre o fechamento de capital da Tesla.
Ramaswamy, que fundou a empresa farmacêutica Roivant Sciences (NASDAQ:ROIV), trabalhou com a Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês), que ele chamou de "corrupta". No site de redes sociais X, ele escreveu em 2023: "Inúmeras regulamentações e ações da FDA são hipócritas, prejudiciais e inconstitucionais".
O QUE MUSK E TRUMP DISSERAM SOBRE O PAINEL?
Em um comunicado na terça-feira, Trump disse que o painel "forneceria aconselhamento e orientação de fora do governo" para reduzir o governo, cortar regulamentações, diminuir gastos e reestruturar agências federais.
Trump quer abolir o Departamento de Educação, dando aos Estados maior controle sobre o ensino. Ele também quer reduzir drasticamente o "Estado profundo" -- funcionários federais de carreira que, segundo ele, estão perseguindo clandestinamente suas próprias agendas.
Trump e Musk sugeriram que o painel fará cortes drásticos. No entanto, a Constituição dos EUA dá ao Congresso o poder sobre o Orçamento federal. O Congresso pode aceitar ou desconsiderar as recomendações de painéis externos, como o grupo de eficiência proposto.
Em uma tentativa de ser transparente, Musk disse que o painel publicará suas "ações" para comentários do público.
QUAL É O PRECEDENTE PARA O PAINEL DE EFICIÊNCIA?
Em fevereiro de 1982, o ex-presidente Ronald Reagan anunciou que formaria um grupo de especialistas do setor privado para recomendar maneiras de eliminar a ineficiência e o desperdício.
Em junho daquele ano, seu decreto formou um painel que ficou conhecido como Grace Commission, em homenagem ao seu presidente J. Peter Grace, ex-presidente-executivo da W.R. Grace and Co.
Grace arrecadou dinheiro para financiar a iniciativa por meio de uma fundação. Cerca de 150 líderes empresariais se ofereceram como voluntários em um comitê executivo que supervisionou 36 forças-tarefa da Grace Commission, que analisaram agências ou funções.
A Comissão emitiu um relatório em janeiro de 1984 com 2.500 recomendações. As forças-tarefas também produziram relatórios.
"A maioria das recomendações, especialmente as que exigiam legislação do Congresso, nunca foi implementada", disse a Biblioteca Reagan.
QUE EXPERIÊNCIA MUSK TEM COM CORTE DE CUSTOS?
Após comprar o aplicativo de mídia social Twitter, Musk demitiu cerca de 3.700 funcionários, metade de sua força de trabalho. A receita diminuiu com anunciantes reduzindo gastos e depois centenas de outros funcionários pediram demissão.
Posteriormente, ele renomeou a rede social como "X", mas a avaliação do site despencou sob sua propriedade.
Musk teve muito mais sucesso com a SpaceX. Seu foguete Falcon 9 reduziu os custos de lançamento graças à capacidade de reutilização. Isso fez surgir novos mercados de satélites, dando origem à constelação Starlink de rápido crescimento da empresa, que desestabilizou o estabelecido setor de comunicações por satélite e ajudou a moldar as estratégias militares modernas.
A SpaceX é agora uma importante empresa terceirizada de defesa.
(Reportagem de Chris Sanders, Karen Freifeld, David Shepardson e Alexandra Alper)