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Companhias aéreas globais buscam sobrevivência diante de restrições a viagens

Publicado 10.03.2020, 13:59
Atualizado 10.03.2020, 14:01
© Reuters.
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Por Hyunjoo Jin e Jamie Freed

SEUL/SYDNEY (Reuters) - Companhias aéreas ao redor do mundo afundaram na crise nesta terça-feira, com a epidemia do coronavírus levando ao fechamento da Itália, forçando o cancelamentos de milhares de voos e levando ao adiamento de encomendas de aviões.

Algumas empresas enfrentam situações duras. A Korean Air Lines alertou que a epidemia pode ameaçar sua sobrevivência após ter que suspender mais de 80% de sua capacidade internacional, deixando em solo 100 de seus 145 aviões.

"A situação pode ficar pior a qualquer momento e não podemos nem prever quanto tempo esta situação vai durar", disse Woo Kee-hong, presidente da Korean Air, maior aérea da Coreia do Sul, em carta a empregados sobre as turbulências geradas pela epidemia.

"Mas se a situação continuar por um período mais longo, nós poderemos atingir um limite no qual não poderemos garantir a sobrevivência da companhia."

A australiana Qantas Airways também cortou capacidade internacional em quase 25% nos próximos seis meses, e adiou uma encomenda de jatos A350, da Airbus, por causa da queda na demanda, que a indústria de aviação estimou que pode atingir a receita do setor em até 113 bilhões de dólares neste ano.

A Qantas afirmou que não pode mais dar estimativas sobre o impacto financeiro da epidemia neste ano fiscal, que em 20 de fevereiro tinha previsto em até 98 milhões de dólares no lucro antes de impostos (Ebit). O presidente-executivo e o presidente do conselho de administração da empresa não receberão salário, gestores não terão bônus e todos os funcionários estão sendo encorajados a tirar licenças pagas ou não remuneradas.

As aéreas norte-americanas American e Delta suspenderam suas projeções de desempenho para o ano e tomaram medidas drástricas para combater os impactos do coronavírus.

A Delta afirmou que está vendo as reservas líquidas recuarem entre 25% e 30% e espera que a situação se deteriore adiante. A empresa congelou contratações de pessoal e está oferecendo opções de licenças para os funcionários.

"Este claramente não é um evento de cunho econômico", disse o presidente-executivo da Delta, Ed Bastian, em conferência da indústria. "Este é um evento marcado pelo medo, provavelmente mais semelhante ao que vimos no 11 de setembro (de 2001, após ataques aos EUA)."

FECHAMENTO ITALIANO

O fechamento sem precedentes de toda a Itália, país mais atingido pela epidemia na Europa, contribuiu para acrescentar mais desafios ao setor aéreo global.

Norwegian Air, British Airways, easyJet, Wizz Air e El Al Israel Airlines cortaram voos para e a partir da Itália, onde o número de infecções atingiu 9 mil pessoas e o número de mortes subiu a 460. A Latam Airlines anunciou na semana passada a suspensão de voos entre São Paulo e Milão até 16 de abril, citando baixa demanda. A Azul (SA:AZUL4) está reembolsando passageiros que desistirem de viagens com origem ou destino na Itália.

A Ryanair cortou previsão de demanda para o ano que se encerra em maio em 3 milhões de passageiros, como resultado direto da suspensão de quase todos os voos para e a partir da Itália em abril.

O analista de aviação Mark Simpson, da Goodbody, afirmou que outra grande preocupação da indústria é se a epidemia de coronavírus pode piorar na Espanha, outro popular destino de viagens de férias na Europa. A Espanha registra mais de 1.200 casos confirmados de coronavírus.

A Air France afirmou que espera cancelar 3.600 voos em março, incluindo corte de 25% de sua capacidade europeia.

AVIÕES QUASE VAZIOS

A indústria global de aviação está entre os setores mais atingidos pela epidemia. O setor perdeu quase um terço de seu valor - 70 bilhões de dólares - este ano, segundo cálculos da Reuters com base nos 20 maiores grupos de aviação do mundo.

O presidente-executivo da britânica Virgin Atlantic, Shai Weiss, afirmou à BBC que a empresa está sendo "forçada a voar aviões quase vazios" para manter seus slots nos aeroportos.

A pressão tem crescido para que autoridades europeias suspendam a regra que exige que as empresas executem 80% dos voos programados sob pena de perderem slots não utilizados.

Nesta terça-feira, o Ministério da Economia da Alemanha também pediu que a União Europeia flexibilize as exigências para o setor aéreo. Um representante da UE afirmou que a Comissão Europeia vai avaliar a possibilidade de mudanças nas regras.

Se a Korean Air quebrar, não vai ser a primeira a ser consumida pela epidemia, a britânica Flybe entrou em colapso na semana passada diante de queda nas reservas. E novos problemas no setor são esperados, alertam especialistas.

O HNA Group, que tem participações em várias aéreas chinesas, incluindo a Hainan Airlines, afirmou que está operando em "estado de guerra" para lidar com os impactos financeiros da epidemia.

As companhias aéreas na China, onde o vírus foi descoberto, cancelaram dezenas de milhares de voos desde o início da epidemia, mas algumas já começaram a retomá-los.

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