SÃO PAULO (Reuters) - A Copel (SA:CPLE6) tem se preparado para inscrever a usina a gás de Araucária em licitações que o governo fará neste ano para contratar a produção de projetos térmicos, enquanto também prevê manter por prazo extra o controle de sua principal hidrelétrica, Foz do Areia, disse o presidente da empresa nesta quinta-feira.
Parceria com a Petrobras (SA:PETR4), que tem cerca de 20% no ativo, a térmica de Araucária está atualmente sem contratos para a venda de energia. Mesmo assim, deu boa contribuição para os resultados da Copel em 2020, que atingiram lucro recorde de 3,9 bilhões de reais.
"Agora estamos nos preparando para ir aos leilões", disse o CEO, Daniel Slaviero, durante teleconferência de resultados, ao comentar sobre Araucária.
Ele disse que uma dessas oportunidades será um certame em formato inédito que o governo prevê para o segundo semestre, voltado à contratação de usinas de geração que funcionariam como uma reserva de capacidade para garantir a segurança do sistema.
Slaviero também disse que a Copel espera assegurar a prorrogação por cerca de um ano da concessão de sua principal usina, Foz do Areia, com 1,6 gigawatt em capacidade, após um acordo com o governo e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre o risco hidrológico no setor elétrico.
A Copel tem concessão para explorar a usina até setembro de 2023. Pela legislação atual, ela pode renovar o contrato por 30 anos se vender o controle do empreendimento a um agente privado, opção hoje vista como preferencial na Copel.
Caso não privatize o ativo, a estatal teria que disputar a renovação da concessão em leilão.
Slaviero disse que a Copel previa avançar com negociações para a venda do controle da usina ainda em 2021, mas esse prazo deverá escorregar devido à extensão de contrato decorrente do acordo sobre o risco hidrológico.
"Não sendo em 2021, seria 2022 ou 2023. A melhor saída é vender o controle, porque evita o risco de licitação", explicou.
Segundo ele, a hidrelétrica gera Ebitda de 450 milhões de reais/ano.
GANHOS À FRENTE
A Copel espera um impacto positivo de 1,3 bilhão de reais sobre o Ebitda quando registrar em balanço os resultados do acordo com o governo sobre o risco hidrológico, disse o CEO.
Esse acordo envolveu a Copel e outras empresas impactadas por uma menor geração de suas hidrelétricas a partir de 2015, por questões como baixo nível dos reservatórios. Após uma disputa judicial, o governo concordou em compensar as empresas parcialmente com uma extensão de contratos de suas usinas.
Atualmente, a Aneel tem finalizado cálculos sobre o valor gerado para as empresas por essa prorrogação de concessões. Slaviero não deu um prazo para o registro em balanço.
A Copel também espera impactos fortemente positivos com a conclusão da venda de sua subsidiária Copel Telecom, esperada para julho, que permitirá a ela embolsar o valor da operação, segundo Slaviero.
A empresa de telecomunicações foi vendida em um leilão realizado em novembro passado e adquirida pelo fundo Bordeaux por 2,395 bilhões de reais.
OFERTA NO RADAR
O presidente da Copel destacou mudanças recentes no estatuto da companhia, como a aprovação para uma migração ao Nível 2 de governança corporativa da bolsa B3 (SA:B3SA3), que fica condicionada a uma venda pelo governo do Paraná de parte de suas ações na empresa.
Essa operação deve ser feita em conjunto com uma venda de papéis do BNDES na estatal, mas com o governo estadual ainda mantendo o controle da companhia.
A oferta secundária na qual os papéis seriam negociados deve ocorrer ao longo do primeiro semestre, segundo Slaviero.
A legislação paranaense define que o Estado não pode vender sua ações na Copel abaixo do valor patrimonial, o que na prática implica em um preço mínimo para que o negócio possa ocorrer. Esse patamar é hoje de 7,30 reais por papel, após a Copel ter aprovado desdobramento de ações, disse o CEO.
As ações da Copel tinham leve queda de 0,5% perto do final do pregrão, cotadas a 6,94 reais.
(Por Luciano Costa)