Por Jamie Freed e Tim (SA:TIMP3) Hepher
CINGAPURA (Reuters) - Companhias aéreas asiáticas alertaram para cortes "drásticos" nos planos de crescimento de 2020 devido ao surto do coronavírus, piorando o clima do já vazio Airshow de Cingapura, à medida que mais empresas desistiram do evento.
O principal evento aeroespacial da Ásia continua acontecendo. Mas o centro de exposições construído para o evento é marcado por espaços vazios reservados para empresas chinesas e outras pessoas que não compareceram por causa do surto, cujo número de mortos ultrapassa 900.
Os principais fornecedores Honeywell e Leonardo se juntaram a uma lista de 70 ausências nesta segunda-feira, em meio a preocupações relacionadas ao novo coronavírus, que começou na China.
Poucos negócios devem acontecer no evento, que vai de 11 a 16 de fevereiro em Cingapura, onde a epidemia desencadeou novas medidas de segurança e lançou uma sombra sobre o lucro das companhias aéreas e a demanda por aviões.
Novas evidências do impacto surgiram às vésperas da feira, quando a consultoria Ascend by Cirium, sediada no Reino Unido, disse que o número de voos programados para operar indo e saindo da China caiu 24% em comparação com as expectativas anteriores ao surto.
O número de voos que realmente foram realizados caiu pela metade em comparação com os níveis sazonais normais, pois muitas companhias aéreas continuaram cortando os voos além da redução recentemente feita.
Isso significa que as companhias aéreas asiáticas estão se preparando para um 2020 turbulento. Os cancelamentos acarretam custos com perda de receita e descontos em passagens.
"Todas as previsões de tráfego para este ano estão erradas", disse Andrew Herdman, diretor geral da Associação de Aéreas da Ásia-Pacífico, em entrevista.
Antes da crise, a Associação Internacional de Transporte Aéreo, que representa as companhias aéreas globais, previa que o tráfego de passageiros aumentaria 4% em 2020 e o tráfego de cargas 2%.
"Se você observar os cortes no cronograma e as operações reais, elas foram reduzidas em 50%, 60%, 70% na China. É bastante drástico", disse Herdman.
GRANDES CUSTOS
A Embraer (SA:EMBR3) está se preparando para enfrentar a crise.
"Espero que vejamos o pico do coronavírus nas próximas 2-3 semanas e depois uma queda, mas até que isso aconteça, o impacto nas viagens é profundo e imediato", disse o presidente da divisão comercial da empresa brasileira, John Slattery.
A Embraer está participando do evento como parte de uma campanha de marketing para sua aeronave E195-E2 contra o Airbus A220. Slattery lamentou atrasos na aprovação da União Europeia para uma fusão entre a Embraer e a Boeing.
Os organizadores do evento disseram no domingo que ainda esperam mais de 930 empresas de 45 países e 45 mil participantes do setor - abaixo dos 54 mil da última feira em 2018.
Os saguões dos principais hotéis, geralmente lotados de participantes, estavam visivelmente vazios. Alguns participantes expressaram surpresa pelo fato de a conferência continuar depois que o governo aconselhou contra eventos não essenciais em grande escala.
Os organizadores dizem que têm um dever para com aqueles que ainda desejam assistir a um evento que cresceu em importância ao longo dos anos.
Um expositor que planejou shows aéreos em todo o mundo disse que o suporte a uma exibição de voo de uma aeronave normalmente custaria 1 milhão de dólares ou mais e grandes fabricantes poderiam gastar de 2 milhões a 5 milhões de dólares no total em um show desse tamanho.
O cancelamento do evento levaria a reembolsos de dezenas de milhões de dólares, disse uma fonte de um expositor sob condição de anonimato, devido à sensibilidade do assunto.