(Corrige título e 1o e 3o parágrafos pois empresa corrigiu número de receita líquida de 2014 informada mais cedo para R$6,308 bi ante R$7,151 bi. Reescreve 5o parágrafo com margem Ebitda subindo de -9% em 2014 para 2% em 2015 e 12% em 2016)
SÃO PAULO (Reuters) - A OAS começa apresentar a credores um plano operacional para os próximos anos, focado em construção civil, e que prevê queda de 50 por cento na receita líquida até 2017, após vender ativos numa ampla reestruturação disparada pela investigação do escândalo de corrupção em contratos da Petrobras.
O grupo, que até ano passado se apresentava como a terceira maior construtora do Brasil, entrou em recuperação judicial para preservar liquidez diante de uma dívida de 8 bilhões de reais.
A empresa se reúne com credores nacionais nesta semana, e internacionais, na próxima. O plano a ser apresentado, e que precisa ser aceito pelos credores para sair do papel, prevê queda da receita líquida para 3,133 bilhões de reais em 2017, ante 6,308 bilhões em 2014, mas projeta recuperação a 5,036 bilhões para 2019.
A jornalistas, o diretor de desenvolvimento corporativo, Diego Barreto, e o diretor de reestruturação, Fabio Yonamine, disseram que ainda não é possível afirmar os princípios financeiros que nortearão o pagamento da dívida. Mas afirmaram que a expectativa é iniciar esta fase do diálogo com os credores em até um mês após a apresentação do plano operacional do grupo.
De acordo com o plano apresentado nesta quarta-feira, a empresa projeta que a margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustada suba de 9 por cento negativo em 2014 para 2 por cento em 2015. A empresa vai passar a se concentrar apenas em obras de edificações e de transportes a partir de 2016, quando a nova OAS espera ter margem Ebitda de 12 por cento.
Além do enxugamento dos projetos, a empresa espera concluir até 2016 a maior parte da venda dos ativos da OAS Investimentos, braço de participações cuja joia da coroa é a fatia de cerca de um quarto da Invepar, que participa do consórcio que administra o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
Segundo os executivos, a OAS estima que o valor de venda de seus ativos mais líquidos, que além da fatia na Invepar incluem a empresa de águas e saneamento OAS Soluções Ambientais, vai atingir de 1,7 bilhão a 2,5 bilhões de reais, de um valor contábil de 3,8 bilhões.
Barreto e Yonamine confirmaram que a OAS está negociando um financiamento de 800 milhões de reais para melhorar sua liquidez e que a garantia do empréstimo deve ser uma participação de até 18 por cento na Invepar. Eles não informaram nomes, mas disseram que o empréstimo pode ser concedido pelo mesmo grupo que vier a comprar a fatia da OAS na Invepar.
Os executivos afirmaram que o processo de venda da fatia na Invepar está "adiantado" e que deve ser apresentado ao juiz da recuperação judicial da OAS em cerca de três semanas. Já o processo da OAS Soluções Ambientais está recebendo propostas firmes. Eles não deram detalhes sobre interessados nos ativos.
DEMISSÕES
A empresa trabalha o processo de reestruturação desde o ano passado, com demissão de 140 funcionários administrativos e não captação de novos projetos, o que resultou em desligamentos de 15 mil funcionários após término de obras. Atualmente, o grupo tem cerca de 100 mil empregados, cifra que deve recuar nos próximos anos, disse Barreto.
As despesas gerais e administrativas devem ser reduzidas de 771 milhões de reais em 2014 para 478 milhões este ano e 220 milhões em 2016, se mantendo num patamar de 5,5 por cento da receita, ante 11,8 por cento no ano passado.
O objetivo do plano operacional é reduzir a atuação internacional de 21 para 5 países, com destaque para o Peru, onde a operação da OAS está "madura e gerando caixa", disse Barreto. Além disso, com o foco apenas em projetos de transporte e edificações, como shopping centers, a OAS reduziu o tamanho da sua carteira de encomendas de 21,8 bilhões de reais no ano passado para 11 bilhões de reais atualmente.
Os executivos informaram que a empresa tem como meta ter a maior parte de sua carteira de encomendas de obras com clientes do setor público, ante nível de 55 por cento junto a clientes privados no ano passado. "O setor público poderá ser até mais que 55 por cento da carteira", disse Barreto.
Ele explicou que, com a recuperação judicial, a OAS não tem impedimentos para continuar operando contratos de obras públicas ou participando de novas licitações e que o objetivo é buscar contratos de novas obras com governos estaduais de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, além de projetos municipais e estaduais que utilizem verbas federais.
"Queremos clientes com capacidade de pagamento reconhecida, volatilidade de pagamento baixa e projetos de engenharia entre níveis básico e executivo", disse Barreto referindo-se a projetos com mais visibilidade orçamentária.
"A competição (por esses contratos) é maior, mas há mais visibilidade", disse Barreto.
(Por Alberto Alerigi Jr.)