Por Michael Holden e Tom Polansek e Karl Plume
LONDRES/CHICAGO (Reuters) - - Um corretor britânico acusado por autoridades dos Estados Unidos por uma manipulação de mercado que contribuiu para a queda brusca das bolsas em 2010 foi libertado sob fiança nesta quarta-feira, após se opor a uma extradição aos EUA para ser julgado.
Navinder Singh Sarao, de 36 anos, seguirá preso em Londres por pelo menos mais uma noite após sua fiança ser estabelecida em 5 milhões de libras esterlinas, além de outras condições.
A audiência de fiança de Sarao foi sua primeira aparição desde que o Departamento de Justiça dos EUA o acusou na véspera de fraude e de manipulação do mercado por vários anos.
Sarao é acusado de usar um programa automatizado para enganar mercados gerando grandes ordens de venda, que derrubaram os preços. Em seguida ele cancelou as ordens e comprou ativos no mercado por preços menores, angariando um lucro de cerca de 40 milhões de dólares, disseram as autoridades.
A manobra fez com que o índice Dow Jones caísse mais de mil pontos em 6 de maio de 2010, sumindo momentaneamente com quase um trilhão de dólares em valor de mercado.
Em sua denúncia, o Departamento de Justiça afirmou que suas atividades contribuíram para o desequilíbrio do mercado, o que pesou na queda das ações.
É a primeira vez que agências reguladoras dos EUA alegaram que atividades ilegais tiveram um papel na queda. Ele era membro do CME Group, onde fez as transações com futuros de ações desde maio de 2008.
O dirigente do CFTC declarou nesta quarta-feira que foram precisos quase cinco anos para acusar Sarao por causa do tamanho e da complexidade do mercado financeiro norte-americano.
"Faremos tudo ao nosso alcance para perseguir aqueles que tentam praticar fraude ou manipulação em nosso mercado", afirmou o diretor Tim Massad em discurso preparado para uma conferência.
Além da fiança, os familiares mais próximos de Sarao precisam entregar 50 mil libras esterlinas, e ele não terá plena liberdade, disse um juiz londrino.
Aaron Watkins, representante das autoridades judiciais dos EUA na audiência de Londres, disse à corte que Sarao operou por meio de uma empresa criada para negociar contratos futuros por meio de programas que permitem que os corretores se comuniquem com mercados e façam várias ordens quase simultaneamente.
Watkins também afirmou que Sarao foi alertado pelas autoridades dos EUA a interromper suas atividades, mas que as levou adiante mesmo sabendo que eram erradas.
(Reportagem adicional de Douwe Miedema em Washington)