Por Oliver Hirt
ZURIQUE (Reuters) - O Credit Suisse (SIX:CSGN) está sondando investidores sobre um potencial aumento de capital, disseram duas pessoas familiarizadas com o assunto, abordando-os pela quarta vez em cerca de sete anos, enquanto tenta uma reformulação radical de seu negócio de banco de investimento.
O banco suíço começou nas últimas semanas a falar com investidores sobre a potencial operação, disseram as pessoas. Vários cenários estão em discussão para o banco de investimento, incluindo a opção mais drástica de sair em grande parte do mercado dos Estados Unidos, disseram duas fontes.
Não está claro o quanto os investidores estão interessados. O interesse pode ser atenuado pelo fato de que o banco, o segundo maior da Suíça, levantou quase 12 bilhões de francos (12,22 bilhões de dólares) em capital desde 2015 - quase equivalente ao seu valor de mercado atual.
As fontes disseram que nenhuma decisão foi tomada e não deram detalhes sobre quanto dinheiro o banco buscaria levantar.
As ações do Credit Suisse caíram 12,4%, para o menor nível de fechamento já registrado pelo banco, nesta sexta-feira.
"Com uma potencial venda da unidade (de produtos securitizados) e a redução dos riscos no balanço, ainda faltam até 4 bilhões de francos suíços para a próxima reestruturação, planos de crescimento da unidade de gestão de patrimônio e acumulação de capital", disse o analista do ZKB, Christian Schmidiger.
Considerando um valor de mercado de cerca de 12,3 bilhões de francos suíços para o banco, isso significaria "uma diluição significativa para os acionistas existentes", acrescentou Schmidiger em relatório.
Um porta-voz do Credit Suisse afirmou: "Dissemos que atualizaremos o progresso de nossa abrangente revisão de estratégia quando anunciarmos nossos resultados do terceiro trimestre. Seria prematuro comentar sobre quaisquer potenciais medidas antes disso".
O porta-voz acrescentou: "O Credit Suisse não está saindo do mercado dos EUA".
Além do banco de investimento, as operações do Credit Suisse nos EUA incluem gestão de ativos.
A Bloomberg informou paralelamente que o Credit Suisse está avaliando a venda de seu negócio de gestão de patrimônio na América Latina, excluindo o Brasil.
Os resultados trimestrais do banco devem ser divulgados em 27 de outubro.
Sob uma reestruturação lançada pelo presidente do conselho de administração, Axel Lehmann, o Credit Suisse prevê encolher sua operação de banco de investimento para se concentrar ainda mais em seu principal negócio, de gestão de patrimônio.
O Credit Suisse anunciou sua segunda revisão de estratégia em um ano e substituiu seu presidente-executivo em julho, trazendo o especialista em reestruturação Ulrich Koerner para reduzir o banco de investimento e cortar mais de 1 bilhão de dólares em custos.
Somente nos últimos três trimestres, os prejuízos somaram quase 4 bilhões de francos suíços. Dadas as incertezas, os custos de financiamento do banco dispararam. Analistas do Deutsche Bank estimaram em agosto um déficit de capital de pelo menos 4 bilhões de francos.
Uma das fontes que conversou com a Reuters disse que evitar um aumento de capital provavelmente será difícil. Os grandes investidores com os quais o banco está negociando, no entanto, estão fazendo duras exigências para participar da operação.
Entre os membros do conselho de administração que, em última análise, decidirão sobre a estratégia, as opiniões divergem sobre quão radical deve ser a redução na unidade de bancos de investimento.
(Reportagem adicional de Pamela Barbaglia, em Londres, e Megan Davies, em Nova York)