Por Juliana Schincariol
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Cruzeiro do Sul Educacional pretende comprar mais uma instituição de ensino até o final do primeiro semestre e vê a captação de alunos em 2016 semelhante à do ano anterior, mesmo diante de uma piora da economia brasileira.
"Nosso foco são instituições que sejam relevantes, que tenham autonomia universitária, marcas fortes e indicadores acadêmicos relevantes", disse o diretor de planejamento da Cruzeiro do Sul Educacional, Fabio Figueiredo, em entrevista à Reuters. Segundo ele, empresas com estas características e acima de 3.500 alunos são potenciais alvos para aquisição.
O executivo afirmou que a Cruzeiro do Sul mantém conversações com três ou quatro empresas e que "pode fechar talvez mais uma (aquisição) no primeiro semestre de 2016", em um ritmo de uma compra relevante por ano.
A companhia anunciou no final de novembro a compra de duas escolas e um centro universitário no Estado de São Paulo, passando a ter mais de 130 mil alunos divididos em 14 instituições de ensino, da educação infantil ao ensino superior. O valor das aquisições não foi revelado.
Com a compra do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (Ceunsp) e dos colégios Ceunsp Itu e Objetivo Salto, a empresa prevê um salto no faturamento para 1 bilhão de reais em 2016 ante 850 milhões no ano anterior.
A companhia, que tem entre seus acionistas o fundo britânico de private equity Actis, era uma das interessadas na compra dos ativos da Uniasselvi, vendidos em outubro passado pela Kroton para os gestores de fundos Carlyle e Vinci Partners por até 1,105 bilhão de reais.
Apesar da crise econômica e da redução do valor de mercado das empresas listadas em bolsa como Kroton e Estácio, o preço dos ativos não apresenta desconto, acrescentou. "Não mudou nada, ninguém baixou ou aumentou os preços", disse Figueiredo.
Em termos de crescimento orgânico, Figueiredo afirmou que os resultados até o momento mostram que é possível que a base de alunos - considerando os já existentes e novos entrantes - em 2016 seja semelhante a 2015.
"O ano de 2016 vai ser um de administrar uma situação adversa de modo geral. O que vai ajudar é que a gente tem um estoque inicial bom de alunos veteranos. A gente está com expectativa do crescimento do número matrículas, na média, de EAD (ensino a distância) e presencial, semelhante ao ano anterior", afirmou Figueiredo.
Ao final do ano passado, a Cruzeiro do Sul tinha 32 mil alunos matriculados no EAD, com o restante no ensino presencial.
O diretor disse que a companhia está atenta a indicadores de evasão e inadimplência, mas que não houve mudanças relevantes em 2015 em relação ao ano anterior. Ainda assim, a companhia mostra cautela em relação ao cenário econômico e decidiu aumentar a provisão para devedores duvidosos (PDD) de 3,5 para 4 por cento sobre os alunos pagantes, afirmou, citando uma média do mercado entre 4 e 4,5 por cento.
A mensalidade média dos cursos da Cruzeiro do Sul é de cerca de 690 reais, valor um pouco acima da média das empresas listadas em bolsa, com exceção da Anima, cujo valor era de 1.188 reais (valor bruto) ao final de setembro, disse o executivo.
Para a evasão, a expectativa é de que cresça entre 0,5 a 1 ponto percentual em relação ao histórico da companhia, Figueiredo, sem detalhar o patamar atual. "Até agora não apareceu (diferença), é só uma expectativa", disse.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)