Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters) - A Comissão de Valores Mobiliários abriu nesta sexta-feira audiência pública para discutir três propostas para incentivar a concorrência no mercado de bolsa de valores brasileiro, dominado atualmente pela B3.
"As 3 minutas têm como principal objetivo dar novo tratamento regulatório a determinados aspectos considerados pela CVM como essenciais para assegurar o bom funcionamento do mercado em cenário de coexistência de mais de um ambiente de negociação no Brasil", afirmou a entidade reguladora dos mercados de capitais do país em comunicado.
As ações da B3 lideravam as perdas do Ibovespa, recuando cerca de 4% às 14h20, enquanto o índice tinha recuo de 0,44%.
A primeira minuta pretende substituir a instrução 461, de 2007, que trata da criação, funcionamento e extinção de bolsas de valores, de mercadorias e futuros e de balcão organizado. A proposta aborda sincronização de relógios, ativos negociados, divulgação de informações e autorização para funcionamento de novas entidades de bolsas de valores no país.
A segunda é a respeito de autorregulação unificada dos mercados e de suas infraestruturas, que seria exercida por meio de "uma única entidade autorreguladora; e unificação de mecanismo de ressarcimento de prejuízos".
A última modifica a instrução 505, de 2011, que trata das normas para as operações nos mercados de valores mobiliários. Segundo a CVM, a minuta propõe medidas para estabelecimento de "critério para aferição da melhor execução para investidores de varejo; e alteração das obrigações de 'disclosure' em contexto de concorrência entre ambientes de negociação".
No final do ano passado, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou um acordo com a B3 para suspensão de um inquérito contra ela por suposta imposição de barreiras à concorrência. A investigação teve início em 2016 após denúncia da ATS Brasil, criada para operar no mercado de bolsa de valores.
O anúncio de abertura de consulta pública pela CVM ocorreu pouco mais de uma semana depois que o presidente-executivo da B3, Gilson Finkelsztain, afirmou que a companhia planeja praticar uma política mais agressiva de tarifas em 2020 para ampliar o número de investidores pessoa física. Na ocasião, o executivo afirmou que não houve mais pedidos de potenciais concorrentes para acesso à clearing da B3.
A consulta pública ficará aberta até 28 de fevereiro de 2020.