Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A economia brasileira cresceu 1,50 por cento em julho sobre o mês anterior, indicou o Banco Central nesta sexta-feira, melhor resultado em seis anos e acima do esperado, mas ainda insuficiente para gerar percepções de que já há tendência consistente de recuperação.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), mostrou que a atividade voltou a crescer após duas quedas mensais seguidas. O resultado de julho passado foi o melhor desde junho de 2008, quando a expansão foi de 3,32 por cento, pouco antes do auge da crise internacional.
Em junho, o indicador havia mostrado contração de 1,51 por cento sobre maio em dados dessazonalizados revisados pelo BC. Anteriormente, havia sido divulgado queda de 1,48 por cento em junho.
O resultado de agora foi bem melhor que o esperado em pesquisa da Reuters, cuja mediana de 21 projeções apontava alta de 0,80 por cento em julho.
"Vemos o número mais alto do que o esperado principalmente como recuperação técnica de um segundo trimestre profundamente negativo. Portanto, não é indicativo de clara tendência de recuperação econômica", destacou em nota o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos.
Na comparação com julho de 2013, o IBC-Br recuou 0,31 por cento e acumula alta de 1,14 por cento em 12 meses, ainda segundo dados dessazonalizados.
A economia brasileira entrou em recessão no primeiro semestre, afetada sobretudo pela indústria e pelos investimentos em queda. No segundo trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) havia recuado 0,6 por cento sobre o período imediatamente anterior.
O cenário de atividade fraca vem junto com o de inflação ainda elevada, num momento em que a presidente Dilma Rousseff (PT) tenta a reeleição.
Em julho, a produção industrial havia avançado 0,7 por cento frente a junho após cinco meses de queda, ainda que os dados tenham sido encarados com cautela por agentes econômicos, que ainda não estavam convencidos na tendência de recuperação.
No mesmo período, no entanto, as vendas no varejo recuaram 1,1 por cento, muito pior do que o esperado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, o IBC-Br de agosto deve apontar para estagnação da economia, e portanto a alta de julho "não representa uma retomada de expansão sustentável".
"Por enquanto, os dados apontam economia próxima da estagnação no terceiro trimestre, o que não seria bom em virtude das contrações nos primeiros trimestres. O que se espera é que volte a crescer", disse ele, que estima alta do PIB de 0,2 por cento neste ano.
Economistas de instituições financeiras consultados na pesquisa Focus do BC veem que o crescimento do PIB em 2014 ficará abaixo de 0,5 por cento, bem aquém da expansão de 2,5 por cento vista em 2013.
O IBC-Br incorpora estimativas para a produção nos três setores básicos da economia: serviços, indústria e agropecuária, assim como os impostos sobre os produtos.