SÃO PAULO (Reuters) - A transmissora de energia elétrica Cteep, da colombiana Isa, prevê investir 4,5 bilhões de reais no Brasil nos próximos cinco anos apenas em projetos já contratados em leilões para a construção de novas linhas e em reforços em suas instalações, mas o interesse da companhia não para por aí.
Em teleconferência com investidores nesta quarta-feira, o presidente da elétrica, Reynaldo Passanezi, disse prever "um novo ciclo de crescimento" que incluirá ainda a busca por aquisições, o que pode passar pela compra de fatias da estatal Eletrobras (SA:ELET3) em ativos nos quais as empresas são sócias.
Parte do entusiasmo da Cteep deve-se às perspectivas da companhia de finalmente encerrar uma longa discussão junto ao governo, iniciada em 2012, sobre a indenização devida pela União à empresa após esta aceitar na época uma renovação antecipada de contratos de concessão.
"Ainda existem oportunidades de crescimento em leilões e várias oportunidades em aquisições. A gente está muito bem posicionado", disse Passanezi, que ressaltou o baixo endividamento da elétrica em relação à geração de caixa.
Ele também disse que a Cteep prevê bons retornos nos projetos que arrematou em leilões para novas linhas de energia em 2016 e 2017 e que espera seguir esse padrão ao buscar novos contratos em licitações ou aquisições.
"Se tiver bons projetos, rentáveis, a gente vai atrás, a gente vai usar nossa capacidade de alavancagem", disse.
O setor de transmissão deve ter diversas negociações de ativos nos próximos meses, em meio a um plano de desinvestimentos da Eletrobras e à crise financeira das espanholas Abengoa e Isolux, que podem ter empreendimentos vendidos ou relicitados.
"A gente vai olhar todas as oportunidades...Eletrobras, vamos olhar, se tiver Isolux, se tiver Abengoa, e for sinérgico para nós, a gente vai olhar", afirmou Passanezi.
O executivo disse ainda que a Cteep começou a realizar estudos sobre o futuro da companhia, em meio a um planejamento estratégico da Isa, o que poderá envolver uma diversificação nos negócios mais à frente.
"O fato é que o setor (elétrico) está passando por uma transformação e existem áreas novas, como por exemplo o armazenamento com baterias, que pode ser considerado um serviço auxiliar da transmissão, uma área que para nós pode fazer algum sentido", exemplificou o executivo.
Ele citou como outro exemplo a chamada geração distribuída, que consiste na implementação por consumidores de pequenos sistemas de energia, como painéis solares em telhados de casas e estabelecimentos comerciais.
DISPUTA COM UNIÃO
A Cteep também mostrou-se satisfeita com medidas sugeridas pelo governo para reformar as regras do setor elétrico.
O pacote de propostas inclui uma proposta para que parte das indenizações devidas à Cteep e outras elétrica pela renovação de contratos entre 2012 e 2013 possam ser pagas com recursos de fundo do setor elétrico, a Reserva Global de Reversão (RGR).
Hoje o custo das indenizações está previsto para ser repassado integralmente às tarifas de eletricidade, mas grupos de indústrias conseguiram na Justiça uma liminar para evitar pagar parte da conta.
A proposta do governo é que o uso de recursos da RGR acabe com a disputa judicial, que gera incertezas entre as empresas e os consumidores.
"Há uma boa vontade implícita...de buscar uma solução criativa, que não impacta a tarifa e ao mesmo tempo implique na necessidade de desnacionalização. Para nós o ponto central é que o governo reconhece e está disposto a uma solução", disse Passanezi.
A Cteep fechou o segundo trimestre com lucro líquido de 504,7 milhões de reais, ajudada em parte pelo reconhecimento dessas indenizações no balanço.
(Por Luciano Costa)