Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A estatal Eletrobras (SA:ELET3) inicia neste mês uma primeira rodada de demissões adicionais às realizadas por meio de programas de desligamento voluntário lançados no passado, em medida que visa atingir meta de redução do quadro de pessoal, informou a empresa à Reuters nesta quarta-feira, confirmando comunicados internos sobre o assunto.
O corte deve atingir quase 70 funcionários neste ano, especialmente na subsidiária da região Norte da companhia, maior elétrica da América Latina e que está nos planos de privatização do governo federal. Há ainda potencial de demissão de mais de 400 empregados em 2021, se a empresa mantiver suas metas.
A elétrica ressaltou em nota à Reuters que um acordo coletivo (ACT) assinado com mediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST) estabeleceu um quadro de referência para a companhia de 12,5 mil empregados efetivos no período de janeiro a abril de 2020 e de 12.088 para entre maio e abril de 2021, contra 12.568 funcionários atualmente.
"Serão realizados 61 desligamentos de empregados na Eletronorte e 7 empregados na Eletrobras até abril de 2020", afirmou a estatal.
"Não há previsão de realização de novos planos de demissão consensual", acrescentou a companhia, que responde por quase um terço da capacidade de geração e metade da rede de transmissão do Brasil.
Os planos de desligamento consensual oferecidos mais recentemente pelas empresas do grupo registraram 1.289 adesões, o que segundo a estatal abre espaço para realização dos 68 desligamentos adicionais sem justa causa para atingimento das metas.
"Portanto, levando em conta a preservação operacional e a necessidade de repasse de conhecimento, informamos que o 1° ciclo de desligamentos ocorrerá apenas na Eletrobras e na Eletronorte... sendo 61 empregados da Eletronorte e 7 empregados da Eletrobras", afirmou a elétrica em um comunicado interno obtido pela Reuters mais cedo.
"Os desligamentos na Eletrobras e Eletronorte se iniciam em fevereiro, tendo seus critérios determinados pelas diretorias executivas de cada empresa", acrescentou.
No documento aos empregados, a Eletrobras argumentou que seus custos atuais de operação são superiores aos custos regulatórios, o que leva à necessidade de cortes despesas com pessoal, material, serviços e outros (PMSO), "de modo a preservar a saúde financeira da empresa".
"Nesse sentido, os futuros desligamentos sem justa causa acordados em ACT para alcance dos quadros, em acréscimo aos desligamentos já realizados via PDC, contribuirão para redução dos custos nas companhias", afirmou.
A estatal pontuou que vê necessidade de redução de custos de pessoal de cerca de 16% até 2020, o que representa cerca de 800 milhões de reais.
REESTRUTURAÇÃO
A maior elétrica do Brasil tem passado por um enxugamento do quadro desde a posse do atual presidente-executivo, Wilson Ferreira Jr., que assumiu o cargo em meados de 2016 com planos de reestruturar a elétrica após anos de elevados prejuízos.
Ferreira, ex-CEO da CPFL Energia (SA:CPFE3), promoveu planos de desligamento voluntário na estatal para reduzir custos e apostou em vendas de ativos, como usinas eólicas e linhas de transmissão, para reduzir o endividamento.
As medidas têm ocorrido em meio a discussões sobre a privatização da Eletrobras, iniciadas no governo Michel Temer e levadas adiante pela gestão Jair Bolsonaro, que enviou projeto de lei ao Congresso com uma proposta de desestatização.
A Eletrobras chegou a ter 26 mil funcionários em 2016, um número que pode cair para cerca de 10 mil colaboradores após a privatização, segundo projeção feita por Ferreira durante coletiva de imprensa em novembro passado.