Por Gabriel Codas
Investing.com - Na parte da tarde desta quarta-feira, as ações da Eletrobras (SA:ELET3) operam com valorização, em um novo dia de alta do Ibovespa. O movimento acontece mesmo com o alerta dado por políticos de que dificilmente será aprovada, nos moldes atuais e neste momento pelo Congresso, a proposta para a venda da estatal.
Por volta das 15h42, os papéis ordinários subiam 3,91% a R$ 36,16. O Ibovespa registrava alta de 1,07% a 101.512 pontos.
Um projeto de lei para viabilizar a desestatização foi enviado pelo governo aos parlamentares ainda em novembro passado, mas não avançou desde então.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse no início de julho que o governo pretende levar adiante três ou quatro “grandes” privatizações neste ano, mas sem citar nomes de empresas.
Segundo o jornal Valor Econômico, a Eletrobras seria uma dessas companhias e as conversas para retomar a desestatização envolveriam possíveis mudanças no projeto enviado ao Congresso, que poderia voltar a prever a manutenção pelo governo de uma “golden share” na empresa após a mudança de controle.
“A possibilidade de isso prosperar é pequena”, disse o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP), ao ser questionado sobre a desestatização da elétrica em evento online promovido pelo Canal Energia nesta quarta-feira.
“Privatização, há alguns casos que vão ser tocados, da Eletrobras, acho muito complicado. Porque não prospera com facilidade, e acho que o governo gasta aí uma energia equivocada”, afirmou.
O senador Marcos Rogerio (DEM-RO), presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, também levantou dúvidas sobre a viabilidade de aprovação da matéria.
“A privatização não é o problema, o problema é como ela é feita, quais os critérios, qual o formato, qual o modelo dessa privatização. É isso que gera o maior embate no parlamento”, afirmou ele, que disse ser a favor de desestatizações em geral.
“O Estado é um péssimo empreendedor, está aí o exemplo dos Correios, um exemplo de fracasso. A Eletrobras é outro exemplo disso. Agora, não dá para você fazer uma privatização que importe em prejuízo para quem está lá na ponta, para o cidadão.”
A título de exemplo, o senador criticou regras definidas para a venda em 2018 de distribuidoras de energia da Eletrobras no Norte e Nordeste.
“Em relação às distribuidoras, o modelo de privatização que foi feito foi muito ruim... sou a favor da privatização da Eletrobras e outras mais, mas tenho preocupações em relação à proposta que o governo tem apresentado”, acrescentou ele.
Defensores da desestatização, como o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr,, têm argumentado que a operação poderia levantar recursos importantes para que o governo recomponha as contas públicas após gastos extraordinários associados à pandemia de coronavírus.
O deputado Jardim, no entanto, afirmou que a União deveria priorizar a venda de ativos imobiliários estatais para levantar recursos, assim como acelerar outras concessões e parcerias público-privadas.