Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - Os investimentos nas obras da usina nuclear de Angra 3 desde dezembro de 2020 até 2023 deverão somar 6 bilhões de reais, apontou em apresentação nesta quarta-feira a Eletronuclear, subsidiária da estatal Eletrobras (SA:ELET3).
Os aportes para a usina, que deverá funcionar em 2026, mostram o compromisso da companhia em finalizar o empreendimento, disse a diretora financeira da Eletrobras, Elvira Presta.
"Estamos comprometidos (com a usina), todos entendemos a relevância de Angra 3, inclusive para a segurança energética", afirmou ela, durante um seminário online.
Segundo o diretor técnico da Eletronuclear, Ricardo Pereira dos Santos, a maior parte dos investimentos deverá ser destinada à construção civil, montagem, complementação de projeto civil e eletromecânico e engenharia.
Santos também citou, durante apresentação em seminário internacional sobre energia nuclear, as dificuldades após vários contratos de suprimentos nacionais terem sido interrompidos em 2015, após a obra de Angra 3 ser paralisada em meio a investigações da Lava Jato.
O objetivo é ter Angra 3, cujo projeto remete originalmente à década de 1980, conectada ao sistema interligado nacional no final de 2026, à medida que o empreendimento está sendo retomado.
O progresso da obra civil de Angra 3, projetada para ter potencial instalada de 1.405 MW, é estimado atualmente de pouco mais de 65%.
No ano passado, a Eletrobras aportou cerca de 1 bilhão de reais e prevê destinar para Angra 3 mais aproximadamente 2,5 bilhões de reais em 2021, sendo que 850 milhões de reais já foram aportados no primeiro semestre, disse a diretora Elvira.
"Estamos trabalhando com a Eletronuclear no fluxo para a liberação do saldo", ressaltou Elvira.
A apresentação da executiva confirmou previsões de investimentos a realizar na usina de cerca de 18,4 bilhões de reais.
Considerando o cronograma de aportes, uma parte dos investimentos previstos já deverá ser feita com a Eletronuclear segregada da Eletrobras, que deverá ser privatizada até o início do próximo ano.
Como a energia nuclear precisa ser tutelada pelo Estado no Brasil, pelas regras previstas na privatização da Eletrobras uma nova estatal será criada para abrigar a Eletronuclear, além da binacional de Itaipu.
Mas a continuidade dos trabalhos demandarão uma empresa especializada, que possivelmente será estrangeira, formando um consórcio com companhias brasileiras, segundo especialistas presentes no evento.
A assinatura dos contratos de obras civis e montagem eletromecânica, com uma chamada empresa EPCista, especializada no setor nuclear, é esperada para dezembro de 2021.
A expectativa da Eletrobras é que este EPCista comece as obras em março de 2022.
(Por Roberto Samora)