Por Patricia Vilas Boas
SÃO PAULO (Reuters) - A empresa brasileira de moradia estudantil ULiving está negociando a captação de cerca de 450 milhões de reais, liderado pelo grupo inglês Grosvenor e por um segundo investidor do setor imobiliário, a fim de expandir suas operações no país nos próximos três anos.
Cerca de 80% do aporte deve vir do Grosvenor e de outro investidor estrangeiro, cujo nome não foi revelado pela empresa, uma vez que as negociações ainda estão em andamento, com o restante complementado pela gestora brasileira VBI Real Estate, disse o sócio da VBI, Ken Wainer. O executivo acrescentou que a rodada de investimentos está prevista para o terceiro ou quarto trimestre deste ano.
O presidente-executivo da ULiving, Ewerton Camarano, afirmou que os recursos serão usados entre 2025 e 2028, já que um aporte anterior, também de 450 milhões de reais e realizado em 2019 pela VBI e Grosvenor, está terminando, com sua última parcela de 70 milhões programada para ser utilizada este ano.
O objetivo é usar os recursos da nova captação para expansão do número de unidades da ULiving, com planos de aquisição de espaços adicionais em São Paulo, Rio de Janeiro e avanço da companhia em Estados do Nordeste.
"Nós temos terrenos em vista, vários, não vão ser todos comprados, mas temos terrenos à vista em Belo Horizonte, Recife, Campinas e Rio de Janeiro", afirmou Wainer. "Também estamos olhando prédios para comprar e fazer 'retrofit'", acrescentou, referindo-se ao processo de renovação e modernização de prédios.
A ULiving conta atualmente com sete unidades de alojamento estudantil nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, com uma oitava prevista para ser inaugurada no bairro paulistano de Higienópolis no segundo semestre, e uma nova torre planejada para Porto Alegre.
A companhia faturou 30 milhões de reais em 2023, e prevê faturamento de 42 milhões em 2024 com os novos empreendimentos em São Paulo e Porto Alegre. Até o final do período de investimentos, em 2028, a empresa espera mais do que triplicar sua receita bruta anual, para entre 130 milhões e 150 milhões de reais, de acordo com Wainer.
A empresa não divulgou lucro anual, mas disse que suas unidades geralmente se tornam lucrativas já no primeiro ano de operação. "Mas o potencial pleno só se realiza a partir do terceiro ano do imóvel", destacou Wainer, que é quando os empreendimentos atingem uma ocupação próxima de 90 a 95%.
Com 1,6 mil camas em operação, a ULiving aluga quartos e estúdios para estudantes, a maioria entre 18 e 26 anos, a preços que variam de 1.600 reais a 4.500 reais mensais, em empreendimentos próprios localizados perto de universidades. As opções incluem estúdios individuais e duplos, além de apartamentos compartilhados com dois, quatro e seis dormitórios.
A ULiving tem entre seus concorrentes a Share Student Living, que nasceu dentro do grupo Mitre antes de ser vendida em 2023 para fundo da gestora brasileira CIX Capital. A Share Student Living possui quatro unidades em São Paulo e uma no Rio Grande do Sul, que totalizam 2 mil camas em operação.