Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A brasileira Enauta traçou como meta adquirir participações em até duas áreas na prolífica região do pré-sal em um futuro próximo, enquanto avança na administração de seu portfólio, incluindo o campo de Atlanta, que poderá receber investimentos de até 1,5 bilhão de dólares com a perfuração de novos poços, disse o presidente da petroleira à Reuters.
A companhia, que participa de áreas em diferentes momentos exploratórios, está inscrita para a 6ª Rodada de licitação de blocos do pré-sal marcada para 7 de novembro, juntamente com outras 15 estrangeiras e a Petrobras (SA:PETR4). O total de 17 inscritas é recorde para licitações sob regime de partilha de produção.
Mas a atuação da companhia independente no leilão, assim como outras eventuais disputas por pré-sal serão bastante estudadas, ponderou Lincoln Guardado, o CEO da Enauta, antiga Queiroz Galvão Exploração e Produção.
"Nós temos sim interesse em ter pelo menos mais uma ou duas áreas no pré-sal...", ressaltou Guardado, ao receber a Reuters na sede da companhia, no Rio de Janeiro, na segunda-feira.
A companhia já teve participação no pré-sal da Bacia de Santos, em Carcará, mas vendeu fatia para a norueguesa Equinor.
"Só que a gente gostaria de estar no pré-sal dentro das nossas capacidades. E, quando eu digo capacidade, é ter uma participação que seja condizente com nosso fluxo de caixa."
O ideal, segundo o executivo, seria uma eventual participação de até 25% em um consórcio no pré-sal. Ele não foi específico sobre os planos para a 6ª Rodada, em novembro.
O potencial da área e os desembolsos necessários precisam estar em linha com as estratégias da empresa. Dessa forma, a empresa ficou de fora do leilão dos excedentes da cessão onerosa, de 6 de novembro, que poderá se tornar o maior já realizado no mundo, na avaliação do governo brasileiro, com a oferta de quatro blocos que somam 106,56 bilhões de bônus de assinatura fixos.
INVESTIMENTOS EM ATLANTA
A Enauta também planeja realizar uma perfuração em um prospecto de pré-sal dentro de seu campo de Atlanta, na Bacia de Santos.
Mas tal iniciativa deverá ocorrer apenas por volta de 2023 ou 2024, após a entrada de um sistema definitivo no campo. Guardado afirmou que o campo de Atlanta, operado pela Enauta com 50% de participação, em parceria com a Barra Energia, está produzindo atualmente próximo de 30 mil barris por dia, por meio de três poços, dentro do esperado.
A empresa estuda investimentos de 1 bilhão a 1,5 bilhão de dólares na perfuração de cinco a nove poços na área, que serão conectados ao sistema definitivo de produção do campo, que poderá entrar em operação no fim de 2022. O consórcio espera tomar a decisão quanto ao sistema definitivo do campo até o início do próximo ano. Esse sistema considera um navio do tipo FPSO com capacidade de 50 mil a 70 mil barris por dia.
O petróleo de Atlanta, um tipo pesado com 14 graus API, está ganhando mercado com uma escassez de óleos pesados na Bacia do Atlântico, devido a cortes de exportação da Arábia Saudita e queda nas ofertas da Venezuela, segundo Guardado.
"Isso tem ajudado a gente na colocação e abertura de mercados por óleo de Atlanta... Já estamos exportando para costa leste americana, Índia, Ásia, e outros países", disse Guardado.
Outro ponto interessante do mercado para a Enauta são as novas regras estabelecidas pela Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês), que reduzirá o teor de enxofre do combustível marítimo de 3,5% para 0,5% a partir do próximo ano.
Guardado explicou que o óleo de Atlanta tem apenas 0,35% de enxofre e pode ser utilizado para fazer misturas e reduzir o enxofre de algumas composições.
Como concessionária, a Enauta produziu média de 24,5 mil barris de óleo equivalente por dia (boed) em agosto, segundo os últimos dados publicados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
(Por Marta Nogueira; edição de Roberto Samora)