Por Aluisio Alves
SÃO PAULO, (Reuters) - Na contramão do sistema financeiro, o Banco Agiplan está apoiando um plano agressivo de expansão no aumento da rede física de agências. Com as 160 inauguradas neste ano, a rede do grupo gaúcho chegou a cerca de 400 filiais em todo o país e estão previstas outras 200 para o ano que vem.
"Enquanto os outros fecham, a gente abre", disse à Reuters o presidente e fundador do Banco Agiplan, Marciano Testa, que comanda um time de cerca de três mil funcionários a partir da sede em Porto Alegre (RS).
Segundo o executivo, parte significativa do público bancário de varejo segue desbancarizada e as agências físicas ainda são um potente canal de relacionamento.
Mesmo com a rápida migração das transações bancárias para canais digitais, nos últimos anos o sistema bancário vinha ampliando a rede física. Mais recentemente, porém, diante da forte recessão do país, reduzir agências virou sinônimo de ganho de eficiência. Só no primeiro trimestre, Banco do Brasil (SA:BBAS3), Bradesco (SA:BBDC4) e Itaú Unibanco (SA:ITUB4) juntos fecharam 853.
Diferente dos grandes, as unidades de atendimento do Agiplan são mais simples, equivalentes a correspondentes bancários. Isso porque, embora ofereçam produtos como cartões de crédito e empréstimo pessoal, as agências não operam dinheiro em espécie.
Na prática, essas unidades têm uma operação similar ao das financeiras, modelo de negócios que teve ascensão e queda meteóricas na última década no país. A diferença do Agiplan, diz Testa, é o uso de ferramentas de avaliação de risco de crédito, o credit scoring, que diminuem sensivelmente o risco das operações e permite a oferta de taxas competitivas.
"Clientes negativados ou de baixo score estão sendo alijados em massa pelos grandes bancos", diz o executivo. "Score de crédito é o segredo, especialmente para os clientes chamados subprime."
MEIOS DE PAGAMENTOS
Outra frente de atuação do Agiplan é a de meios de pagamento. O banco adota um mecanismo distinto do usado pelo mercado, em que contas são pagas sem a intermediação de um adquirente. O sistema permite que clientes paguem contas com cartões por meio do telefone celular a lojistas que também sejam correntistas do banco.
O sistema elimina custos como MDRs, taxa de desconto que adquirentes como Cielo (SA:CIEL3) e Rede cobram de lojistas, e o aluguel dos terminais, as chamadas maquininhas, disse Testa.
Com esse modelo o Agiplan, que obteve licença de banco comercial no ano passado após a compra do Banco Gerador, tem hoje cerca de 350 mil contas correntes, a maioria no Sul e Sudeste do país, e ativos totais de 1,1 bilhão de reais.
Segundo Testa, a rentabilidade ao redor de 35 por cento sobre o patrimônio do grupo, que deve fechar 2017 ao redor de 380 milhões de reais, tem sido suficiente para sustentar a expansão orgânica do negócio, incluindo o lançamento de um banco totalmente digital, e a ampliação das atividades bancárias físicas, previstos para o segundo semestre.
Mas para horizontes mais longos, no entanto, o empresário já avalia opções que possam ajudar uma expansão não orgânica, incluindo a de receber grandes investidores institucionais como sócios, ou mesmo uma captação via oferta inicial de ações.
"Tudo o que for para o crescimento do negócio pode ser considerado", disse Testa.