Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A Equatorial Energia (SA:EQTL3) tem avaliado a possibilidade de expandir seus negócios para o setor de saneamento, em um interesse renovado pela recente aprovação no Congresso de um marco regulatório para o segmento, disse o presidente da companhia, Augusto Miranda, nesta terça-feira.
O grupo possui atualmente concessões de distribuição de energia elétrica no Maranhão, Pará, Alagoas e Piauí, sendo que as últimas duas foram adquiridas em leilões de privatização realizados pela estatal Eletrobras (SA:ELET3) em 2018.
"Saneamento é naturalmente um segmento muito atrativo e estamos olhando, sim", afirmou Miranda, após pergunta de um analista durante teleconferência sobre os resultados da empresa.
Ele também confirmou, durante a resposta, que a Equatorial pode disputar um leilão de privatização da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), que o governo do Estado pretende realizar ainda neste ano.
"A gente tem obrigação (de analisar), tem que estar olhando mesmo e vendo as condições. Se vai com um parceiro, ou como faz, isso é uma coisa que faz parte do edital para atender às regras", disse Miranda.
Ele comentou ainda que a demora nas discussões sobre o marco regulatório para o saneamento "segurou muito" o interesse da Equatorial pela área.
O Senado aprovou um projeto que atualiza a regulamentação do saneamento na semana passada.
DISTRIBUIDORAS
A energia injetada na rede das distribuidoras da Equatorial teve alta de 3,6% entre janeiro e março quando na comparação com mesmo período do ano anterior, com os maiores crescimentos observados em Alagoas e Maranhão (+5,3% cada), segundo apresentação da companhia.
Houve queda apenas no Piauí, de 0,8%, enquanto o Pará viu aumento de 3,5% na energia injetada.
Já em abril e maio, meses inteiramente impactados por quarentenas decretadas por governos e prefeituras para conter a disseminação do coronavírus, a energia injetada nas empresas do grupo recuou 3%.
A maior retração foi no Alagoas (-8,2%), seguida por Piauí (-2,8%) e Pará (-1,6%), enquanto o Maranhão teve estabilidade (-0,1%).
Executivos da Equatorial disseram que o desempenho é melhor que em outras regiões do país devido ao perfil mais residencial dos clientes das distribuidoras da companhia.
Em geral, os setores comercial e industrial têm visto significativa retração na demanda em meio à pandemia, enquanto residências estão até consumindo mais, devido à opção de diversas empresas por colocar funcionários para trabalhar de casa.
No Brasil como um todo, a carga de energia caiu 10,2% em maio após um recuo ainda maior em abril, de 11,6%.
A Equatorial também viu queda recente na inadimplência dos clientes, que ficou entre 5% e 13% nas distribuidoras do grupo em maio, contra um pico de até 25% no início da pandemia.
Em meio à redução no consumo e à maior inadimplência, o governo costurou uma operação de apoio ao setor de distribuição de energia que envolverá 16,1 bilhões de reais em financiamentos de um grupo de bancos liderado pelo BNDES.
A Equatorial poderá tomar até 1,57 bilhão de reais em empréstimos na operação, que tem sido chamada pelo governo de "Conta-Covid".
A elétrica ainda terminou o trimestre com 5,7 bilhões de recursos em caixa, além de financiamentos já contratados para todos seus projetos de transmissão de energia em andamento, destacou o CEO.
"Considerando a liquidez da Conta-Covid, que os financiamentos para os investimentos neste ano estão todos contratados e que já havíamos feito trabalhos para alongamento dos vencimentos (de dívidas) antes da crise, nossa estrutura de liquidez é bastante confortável para atravessar o atual cenário."
A Equatorial tem como principais acionistas Squadra (9,8%), Opportunity (9,7%), BlackRock (5,7%) e a gestora de fundos de pensão canadense CPPIB (5%).