SÃO PAULO (Reuters) -A Equatorial Energia (SA:EQTL3) acredita que o processo de revisão tarifária da distribuidora recém-adquirida Celg-D em 2023 poderá proporcionar um crescimento expressivo do Ebitda da empresa, disse nesta sexta-feira o CEO do grupo, Augusto Miranda.
Em teleconferência para comentar a aquisição, anunciada na manhã desta sexta-feira, executivos da companhia disseram ter a expectativa de que a agência reguladora Aneel reconheça, na base de ativos da Celg, um valor expressivo dos investimentos realizados pela controladora atual Enel (BIT:ENEI).
Números apresentados pela Equatorial mostram que a base atual de ativos regulatórios da Celg-D soma 3,0 bilhões de reais. Desde a última revisão tarifária da empresa, em 2018, teriam sido investidos mais de 5,5 bilhões de reais, que potencialmente poderiam ser reconhecidos pelo regulador.
A Equatorial anunciou nesta sexta-feira que fechou a compra da distribuidora de Goiás, da Enel, pagando 1,58 bilhão de reais e assumindo dívida de 5,7 bilhões de reais, o que encerra um processo aberto pela companhia italiana, que lutava para resolver problemas de qualidade no fornecimento no Estado.
Executivos destacaram em teleconferência a relevância que a nova concessionária terá no portfólio da Equatorial, se tornando sua distribuidora com o maior número de clientes e estando localizada em um Estado de poder aquisitivo elevado e alto potencial de crescimento econômico.
O CFO da Equatorial, Leonardo Lucas, disse esperar que a conclusão da operação possa acontecer até o final deste ano. Ele lembrou que o fechamento depende de aprovações precedentes, destacando a necessidade de um aval da agência reguladora Aneel para a troca do controle.
A expectativa é de que Equatorial e Aneel renegociem prazos para que a Celg-D atinja parâmetros mínimos de qualidade dos serviços, principalmente do indicador DEC (duração de interrupções de energia).
Segundo Lucas, o desafio do DEC é mais presente em regiões rurais e do interior de Goiás, e será combatido principalmente por meio de investimentos em redes e revisão de processos.
FINANCIAMENTO
Ainda durante a teleconferência, Miranda disse que o financiamento para fazer frente à renegociação das dívidas de 5,7 bilhões de reais da Celg já está "100% contratado", o que reduz riscos com volatilidade de mercado em um ambiente macroeconômico de maior incerteza.
Para equacionar o passivo da distribuidora goiana, a companhia já tem uma linha de crédito contratada de até 7 bilhões de reais, com condições pré-definidas e garantidas.
A Equatorial usará ainda recursos próprios de caixa para bancar o 1,58 bilhão de reais da aquisição.
(Por Letícia Fucuchima; edição de Rafaella Barros)